EDITORIAL

A Rodoviária e a Unemat

A situação da Unemat em Rondonópolis merece mais atenção por parte das autoridades. A instituição não pode continuar funcionando da forma como está: por meio de turmas especiais, como se fosse uma estação rodoviária — onde um curso começa, termina e vai embora.

A comparação com uma estação de ônibus é plausível pelo simples fato de que os cursos se tornaram algo passageiro. Dessa forma, não se cria tradição, e os cursos acabam ficando sem estrutura adequada. Como são turmas especiais, as estruturas são provisórias.

Até mesmo os professores, que poderiam se fixar na cidade, criar vínculos e se tornar referências para os alunos, acabam indo embora.

O problema é que, embora Rondonópolis receba cursos da Unemat, ainda não possui um campus próprio. A cidade é apenas uma extensão do campus de Alto Araguaia.

A Unemat de Rondonópolis poderia se tornar uma referência regional — ou até nacional — como é o caso da Unicamp em Campinas, que leva o nome da cidade do interior paulista para os quatro cantos do país como uma universidade estadual de excelência.

É importante destacar que a Unicamp é reconhecida como uma referência técnica de qualidade no ensino superior. Agora, imagine quando uma instituição, funcionando apenas com cursos passageiros ou turmas especiais, poderá alcançar esse mesmo status. Acreditamos que a resposta é: nunca.

Os motivos são muitos. O primeiro, e mais importante, é que as estruturas das turmas especiais são provisórias, como já mencionamos. O segundo é que a pesquisa, nesse tipo de curso, fica extremamente limitada.

Outro exemplo que podemos citar é a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, a Esalq, em Piracicaba. A escola centenária é referência na formação de agrônomos — de lá saíram grandes pesquisadores, como Dario Minoru Hiromoto, e até ministros da Agricultura em diversos governos.

A Esalq conquistou prestígio e reconhecimento graças à tradição construída pela continuidade de seu principal curso: Agronomia.

A Unemat de Rondonópolis já possui um fator essencial para esse processo de consolidação: o espaço físico. A estrutura, ao menos na teoria, está pronta. A cidade tem uma demanda crescente por profissionais com boa formação em nível superior, e há um mercado de trabalho robusto, pronto para receber os egressos da universidade.

Em resumo, a tempestade é perfeita — no bom sentido. Todo e qualquer investimento na ampliação e consolidação de cursos será bem aproveitado e atenderá uma demanda real.

Rondonópolis, apesar de já contar com uma universidade federal, precisa e merece ser valorizada na oferta de cursos superiores. Mas não por meio de turmas especiais e temporárias, e sim com turmas definitivas, que garantam a formação não apenas de uma turma, mas de geração em geração de rondonopolitanos.

E para que isso se torne realidade, basta vontade e força política.

Fonte: Da Redação

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Verifique também
Fechar
Botão Voltar ao topo