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Consultor defende que recuperação judicial não é único caminho e que existem empresas faturando mesmo na crise

Especialista em consultoria empresarial, o rondonopolitano Marcondes Santos atendeu a reportagem do Folha Regional esta semana e analisou o momento de crise por qual passa a vida financeira do país, que inevitavelmente tem afetado os investidores de todos os setores. Para Santos, apesar do horizonte sinalizar negativamente, ainda é possível colher frutos especialmente nas férteis terras mato-grossenses. Ele, inclusive, ressalta que existem empresários faturando mais atualmente que nos últimos anos. O consultor analisa que é possível, com boa gestão, reverter qualquer quadro. Quanto a opção da recuperação judicial, Marcondes pontua que esta talvez não seja o caminho mais viável, a primeiro momento.
Abordada no capítulo três da Lei de Falências e Recuperação de Empresas (LFRE), de 2005, a Recuperação Judicial é um caminho legal que pode ser acessado por empresários quando estes atingem um nível de incapacidade de honrar compromissos financeiros. Autorizada pela justiça e acompanhado por um administrador designado, a empresa tem de desenvolver um plano de ações que permita o retorno da saúde econômica, em, no máximo, seis meses. Enquanto isso, os funcionários seguem atuando, o empreendimento produzindo e tudo na mesma ordem. Se após os 180 dias, as metas não forem atingidas, o juiz poderá então decretar a falência do envolvido.
“A recuperação judicial é uma alternativa para o empresário, mas a partir do momento em que ele realmente não tem outra saída. Ela é comparável a UTI. Dentro da consultoria, nós acreditamos que muitas vezes não se precise usar esta opção para uma reversão do quadro”, analisou Santos, que ainda ratificou que a tão propagada crise não é a principal causa de empresas estarem fechando e sim a própria má gestão. “Temos visto dois cenários, em Rondonópolis, por exemplo: empresas com dificuldades financeiras e outras que estão faturando mais que o ano passado. A diferença é a boa gestão. A crise agrava quem já vinha mal, encurtando talvez mais um pouco uma realidade que já seria inevitável, no caso a falência”, opinou.
Marcondes ressalta que, seja em recuperação judicial, ou mesmo em um plano de ações próprio de reversão, nenhum trabalho será efetivo se não houver uma mudança de conduta empresarial. “Existe a resistência. Mas a mentalidade do tomador de decisões tem de mudar, ou todo o trabalho irá por água abaixo. Existem dois aspectos que podem influenciar positiva e negativamente neste processo. Primeiro são as forças externas – mídia, taxas de inflação, aumento dos custos, aumento dos juros e etc… O segundo são as forças internas – comportamento da equipe, redução de custos, melhora no atendimento, melhor contato com fornecedor e outros… O grande problema é que tem muita gente que se acostumou a sempre esperar do governo, seja redução de IPI ou outros incentivos. Ocorre que o olhar próprio pode fazer a diferença e a própria crise pode ser uma oportunidade”, finalizou.

Hevandro Soares

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