CNI prega urgência nas reformas estruturais

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, defendeu a necessidade de um regime de urgência na adoção de reformas estruturais no governo Dilma Rousseff, vitimadas, segundo ele, "pelo mais nocivo corporativismo e pelo mais deletério fisiologismo". A proposta de rapidez nas reformas tributária, trabalhista, previdenciária e política foi feita na solenidade de sua posse, na noite desta quarta-feira, 17 de novembro.
"Pagamos um alto preço por postergar a realização das reformas estruturais no passado um pouco mais distante; pagamos preço elevado por fazê-las apenas parcialmente no passado recente; pagaremos um preço ainda mais alto se não as fizermos agora", enfatizou Andrade para uma platéia de mais de mil convidados no Centro de Convenções Brasil XXI, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Alinhou "quatro pilares fundamentais" na agenda das reformas a ser cumprida no próximo governo: imposição de limites à expansão dos gastos correntes; revisão do sistema de vinculação de despesas; implantação de critérios de eficiência aos programas governamentais e adoção de um sistema previdenciário adequado à elevação da expectativa de vida da população.
O presidente da CNI apontou a reforma tributária como a principal prioridade, com o objetivo de desonerar completamente os investimentos e as exportações e simplificar e reduzir a burocracia do sistema tributário.
A reforma trabalhista, na sua visão, é necessária para eliminar incertezas legais, reduzir os custos do trabalho e estimular a criação de empregos. A reforma política, por sua vez, de acordo com Robson Braga de Andrade, "é essencial diante da constatação de que a qualidade da governança pública e do sistema de decisões políticas é crucial para o adequado funcionamento da economia e da sociedade".
"Fazer o que precisa ser feito, com coragem e determinação, eliminando obstáculos muitas vezes endêmicos na vida política e econômica do nosso país é a melhor forma de ampliar a nossa competitividade", destacou o presidente da CNI.
DUPLO ÔNUS – Ao passar o cargo a Robson Braga de Andrade, o ex-presidente da CNI Armando Monteiro Neto advertiu que a continuidade da valorização cambial restringe o crescimento da indústria e da economia.
Conforme seu diagnóstico, a apreciação do real impõe duplo ônus à competitividade dos produtos industriais. "Mantém não apenas o custo de capital elevado, como permite preços favorecidos aos produtos estrangeiros nos mercados internacionais, prejudicando nossas exportações e crescentemente o mercado doméstico", enfatizou.
Monteiro Neto propôs a adoção de uma meta de superávit primário ousada, citando o déficit público nominal zero, como alternativa "para reduzir drasticamente as necessidades de financiamento público e abrir espaço para a queda dos juros, contendo o processo de valorização do real".
Fonte: CNI