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Big Techs e a máquina de guerra dos EUA: entenda os impactos

As big techs, como Google, Meta, Amazon e Microsoft, não são apenas gigantes da inovação digital: cada vez mais, elas se aproximam da máquina de guerra dos Estados Unidos (EUA). Em junho deste ano, o Exército norte-americano oficializou a nomeação de executivos de empresas como Meta, OpenIA e Palantir ao posto de tenente-coronel no recém-criado Destacamento 201, voltado para integrar líderes da tecnologia à estrutura militar. O movimento, segundo o próprio Exército, pretende inspirar outros profissionais a servir sem abandonar suas carreiras, fortalecendo a união entre poder militar e digital.

O sociólogo brasileiro Sérgio Amadeu da Silveira, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), alerta em seu livro As big techs e a guerra total: o complexo militar-industrial-dataficado, lançado neste mês, que a Inteligência Artificial (IA) vem sendo utilizada em operações militares, inclusive em áreas de conflito como a Faixa de Gaza. O autor denuncia que o uso de algoritmos e plataformas digitais das big techs vem ampliando a capacidade de vigilância, monitoramento e ataque dos EUA.

No Brasil, iniciativas como a Nuvem Soberana, lançada pelo governo em setembro, apontam para uma tentativa de criar maior independência na gestão de dados públicos. Mas, como destaca Amadeu, ainda há muito a ser feito diante da crescente dependência tecnológica em relação às big techs. Neste artigo, vamos entender o contexto histórico, as tendências atuais, os desafios, soluções possíveis, estudos de caso e previsões para o futuro da soberania digital.

Desde a Guerra Fria, os Estados Unidos têm investido em tecnologias de ponta para garantir vantagem estratégica. O complexo militar-industrial, conceito popularizado por Dwight Eisenhower, ex-presidente norte-americano, já apontava a simbiose entre indústrias privadas e o setor de defesa. Hoje, esse cenário evoluiu para o que pesquisadores chamam de complexo militar-industrial-dataficado.

Com a ascensão da Inteligência Artificial, empresas como Amazon, Microsoft e Google se tornaram parceiras estratégicas do Pentágono, fornecendo desde infraestrutura de nuvem até sistemas de vigilância. Esse movimento, segundo especialistas, não apenas fortalece o poder bélico norte-americano, mas também amplia o domínio geopolítico digital dos EUA sobre outras nações.

Em 2023, o Exército dos EUA avançou de forma simbólica e prática ao integrar executivos de big techs em sua hierarquia militar. O Destacamento 201 simboliza a formalização da parceria entre os setores privado e militar. Além disso, relatórios internacionais revelam que ferramentas de IA vêm sendo aplicadas em zonas de guerra, como na Faixa de Gaza, para seleção de alvos e tomada de decisões rápidas.

Um exemplo emblemático é o uso da IA por Israel na Faixa de Gaza, com tecnologias fornecidas ou apoiadas por big techs norte-americanas. Segundo denúncias, algoritmos são empregados para identificar padrões de movimentação e sugerir alvos a serem atacados.

No Brasil, a criação da Nuvem Soberana, em parceria com Serpro e Dataprev, demonstra um avanço significativo. Mesmo utilizando tecnologia estrangeira, o modelo permite que a gestão seja feita pelo Estado, garantindo maior controle dos dados públicos. Apesar das limitações, o caso brasileiro pode servir como inspiração para outros países que buscam autonomia digital.

O futuro da relação entre big techs e o poder militar tende a se intensificar. Pesquisadores projetam que, até 2030, a Inteligência Artificial será responsável por boa parte da logística e da tomada de decisões estratégicas em conflitos. Isso pode tornar guerras mais rápidas, mas também mais desumanas, uma vez que algoritmos não possuem critérios éticos complexos.

Fonte: Da Redação

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