ECONOMIA

FGV calcula custo do trabalho 3 vezes mais que salário

O trabalhador da indústria no Brasil custa para a empresa 183% a mais que o valor do salário mensal bruto registrado em carteira, revela pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgada nesta quarta-feira, 23 de maio, em São Paulo. Os números levam em conta um salário nominal de R$ 730,00 mensais para um trabalhador do setor têxtil que fica na empresa durante um ano. Enquanto o salário líquido será de R$ 671,60, ele custará para a empresa R$ 2.067,44 por mês (2,83 vezes o valor do salário bruto).Se a conta for feita para um período de cinco anos, o custo do trabalhador para a empresa será de mais 155% do salário nominal registrado de acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Ele receberá os mesmos R$ 671,60 todo mês e a empresa terá custo total de R$ 1.858,89.

A novidade metodológica adotada pela FGV, que realizou a pesquisa por meio de convênio com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), são custos como vale alimentação, auxílio creche (sob a rubrica de benefícios/negociações coletivas), licença maternidade, quota de deficientes, quota de aprendizes e obrigações de segurança (obrigações acessórias), treinamentos de reposições, ginástica laboral e treinamentos diversos (treinamentos). Integraram também os custos as despesas com administração de pessoal, manutenção de refeitório, festas e eventos motivacionais e custos do tempo não trabalhados (custos gerenciais).

O coordenador do Centro de Microeconomia Aplicada da FGV, André Portela, explicou que esses custos foram calculados porque são efetivos das empresas do setor e normalmente não são levados em consideração por outros estudos do gênero. "São custos relatados pelas empresas que pesquisamos, referentes a esse setor. Em outros segmentos, em outras empresas, podem existir custos diferentes. O que buscamos mostrar é que os custos do trabalho não são apenas aqueles tradicionais, como FGTS, 13º salário, férias, etc", disse.

A pesquisa também levou em conta impostos e encargos trabalhistas, como o INSS do empregador, salário educação, multa sobre o FGTS (10% sobre o saldo), recebimentos do funcionário, como o salário, 13º salário, adicional de férias e vale transporte, entre outros. Entraram igualmente no cálculo compensações ao empregado, como o FGTS, INSS do trabalhador, aviso prévio indenizado e multa do FGTS (40% sobre o saldo).

De com o gerente-executivo de Relações do Trabalho da CNI, Emerson Casali, a pesquisa buscou detalhar a realidade de forma muito objetiva. "Nosso foco é poder ajudar as empresas no seu planejamento e também contribuir com a discussão sobre os custos trabalhistas, sobre de que forma podemos diminuir os custos para as empresas e estimular o emprego formal, sem prejudicar os ganhos dos trabalhadores", afirmou.

Casali salientou a importância dos custos do trabalho na competitividade, que respondem por 20% a 50% dos custos totais de produção na indústria, a depender de quão intensivo em mão de obra é cada setor. "Se reduzissemos esta oneração excessiva do trabalho, certamente a indústria de transformação estaria mais competitiva e gerando mais empregos", concluiu.

A FGV divulgou no site (www.eesp.fgv.br) a pesquisa completa e também a tabela, em formato Excel, que contém as fórmulas de cálculo dos custos do trabalho para as empresas, na qual cada indústria pode inserir seus próprios custos.
Fonte:Ag.C N I

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