ESPORTES

Briga com a Globo pode tirar Dunga da seleção após a Copa

Em três frentes a CBF procurou a TV Globo para tentar acabar com a crise provocada pelos palavrões de Dunga ao apresentador Alex Escobar após a vitória da seleção brasileira contra a Costa do Marfim, no último domingo (20).
O presidente da entidade, Ricardo Teixeira, procurou Marcelo Campos Pinto, diretor da Globo Esportes. O chefe da delegação, Andrés Sanchez, tratou de falar com João Ramalho, funcionário da emissora que cuida só da seleção brasileira. E o diretor de comunicação da CBF, Rodrigo Paiva, esteve no espaço reservado à Globo no IBC (centro de mídia internacional), em Johannesburgo.
Todos trataram do mesmo assunto: mostrar que a atitude partiu do treinador. E pediam para evitar a retaliação. A TV Globo aceitou a reaproximação. E o cargo de Dunga está mais do que ameaçado, mesmo se o Brasil vencer a Copa do Mundo.
Teixeira não quer o rompimento com a TV Globo. Há vários acordos milionários entre a entidade e a emissora. Mas tratou de avisar a Campos Pinto que Dunga está tomando as suas atitudes por livre e espontânea vontade. Os palavrões do treinador a Escobar foram a gota d’água para a emissora. O treinador já criou problemas demais.

Desde que assumiu, em 2006, ele resolveu acabar com os privilégios que a Globo sempre teve, como livre acesso aos jogadores e treinadores. Antes de ganhar o cargo de treinador da seleção, Dunga foi comentarista do canal a cabo BandSports. Foi trabalhando como comentarista que ele viu toda a confusa situação na Copa da Alemanha. Estava lá. E jurou que com ele seria tudo diferente.

Já começou em Teresópolis, na Granja Comary, o centro de treinamento da CBF, mandando desmanchar tendas especiais da emissora. Passou a proibir jornalistas da emissora mostrando momentos íntimos da seleção, como o trajeto para os jogos nos ônibus. Barrou as entrevistas exclusivas. Mesmo aconselhado por Rodrigo Paiva a ceder, ser mais maleável, não houve acordo. Não teve como impedir jornalistas da emissora em voos da seleção, mas não os deixa sair antes dos jogadores para filmá-los chegando ao local onde o time vai jogar.
Com os treinos fechados, os patrocinadores também reclamaram. Os treinos são as grandes vitrines para os 11 patrocinadores que pagam, juntos, R$ 220 milhões anuais à CBF. Eles investem tanto para aparecer nas TVs. Dunga sozinho está travando esse forte interesse econômico.

A emissora chegou mesmo a negociar com Ricardo Teixeira entrevistas de jogadores para entrar no Fantástico de domingo. Dunga vetou. E foi além. Há um espaço reservado para as emissoras que são donas dos direitos de transmissão das partidas da Copa. Fica à beira do gramado. Os destaques dos jogos sempre param ali para falar. Só que, no último domingo, Dunga não deixou seus atletas falarem à Globo, os retirou, gritando “vestiário”, e sabotou também essas entrevistas.

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