Café corre risco de extinção Simulação mostra que áreas produtoras podem diminuir 99,7% até 2080

Dois bilhões de xícaras de café são bebidas em todo o mundo todos os dias, e 25 milhões de famílias dependem do seu cultivo para viver. Nos últimos 15 anos, o consumo cresceu 43%, mas pesquisadores vêm alertando que a variedade mais popular de café, a arábica, está ameaçada.Apesar de haver 124 espécies de café conhecidas, a maioria dos cultivos é restrita a apenas duas delas – arábica e robusta.
A robusta representa cerca de 30% da produção do mundo – e, segundo a Embrapa, uma igual proporção no Brasil, sendo o maior país produtor, respondendo por 33% do mercado global – e é usada principalmente para a produção de café instantâneo. Como diz seu nome, trata-se de uma planta forte, mas que, para muitas pessoas, não se compara ao sabor mais complexo e suave dos grãos da arábica.
É esta segunda espécie que movimenta a indústria de café e responde pela maior parte da produção global – e brasileira -, mas é uma planta mais frágil, particularmente sensível a mudanças de temperatura e no regime de chuvas. E esta característica diante da perspectiva dos impactos das mudanças climáticas.
Em 2012, uma pesquisa do Royal BotanicGardens, Kew, no Reino Unido, revelou um cenário nada animador para o café selvagem da Etiópia, de onde vem a arábica, por meio de modelos gerados por computador, que previram como as mudanças no meio ambiente afetariam esta espécie neste século.
Segundo a previsão do instituto de pesquisa britânico, a quantidade de locais onde a arábica selvagem poderia ser cultivada seria reduzida em 85% até 2080, podendo chegar a 99,7% se as piores perspectivas forem confirmadas.
Mudanças no meio ambiente podem acabar com as áreas propícias para produção do café, Na prática este relatório foi notícia em todo o mundo, e fez a indústria agir. Desde então, uma equipe do Kew e seus parceiros na Etiópia visitaram áreas de produção do país africano para comparar suas previsões com o que estava acontecendo de fato no cultivo.
"É importante ver o que está ocorrendo na prática, observar a influência atual da mudança climática no café e falar com agricultores. Eles podem dizer o que aconteceu, às vezes fazendo uma retrospectiva de décadas", afirma Davis.
Cultivo do café sustenta 25 milhões de famílias