ESPORTES

Camisa vermelha da Seleção levanta polêmica e debate sobre tradição e política

Um dos símbolos mais reconhecidos do Brasil no mundo, a camisa da Seleção Brasileira voltou a ser centro de debates desta vez, não por títulos ou derrotas, mas por uma possível mudança histórica no uniforme. Imagens de uma nova camisa vermelha, supostamente pensada para a Copa do Mundo de 2026, vazaram recentemente na internet e provocaram intensa repercussão entre torcedores, jornalistas e ex-jogadores.

O modelo, divulgado pelo site internacional Footy Headlines, especializado em antecipar lançamentos de uniformes esportivos, mostrou um desenho predominantemente vermelho com detalhes em preto, o que seria um rompimento radical com a tradicional camisa azul, usada como segundo uniforme da Seleção desde 1958.

A CBF reagiu rapidamente às especulações e divulgou uma nota oficial esclarecendo que “as imagens divulgadas recentemente de supostos uniformes da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 2026 não são oficiais”, reforçando que “nem a CBF e nem a Nike divulgaram formalmente detalhes sobre a nova linha da Seleção”. A entidade também afirmou que a nova coleção para o Mundial ainda está em fase de definição.

Mesmo assim, o tema provocou reações contundentes. O narrador Galvão Bueno classificou a possível mudança como uma “falta de respeito com a história do futebol brasileiro”, relembrando momentos marcantes com a camisa azul — como o tetracampeonato em 1994. “É a camisa do Romário, do gol de cabeça contra a Suécia. Isso não pode ser ignorado”, disse em transmissão recente.

Já o comentarista Paulo Vinícius Coelho (PVC) destacou o fator comercial por trás da mudança. Segundo ele, “a única razão de você ter uma camisa número dois que não tem uma das cores da bandeira é comercial. Isso é o que precisa ser dito com clareza”. Ele ainda afirmou que a prioridade deveria ser recuperar o prestígio da camisa amarela e não substituí-la por uma nova cor.

Nas redes sociais, a discussão ganhou contornos ainda mais amplos. Muitos torcedores se mostraram indignados, associando a nova cor a uma tentativa de “neutralizar” o simbolismo da camisa amarela que, nos últimos anos, foi apropriada por movimentos políticos de direita, em especial durante o governo Bolsonaro. Para esses críticos, a introdução do vermelho seria uma resposta ideológica disfarçada de inovação visual.

A CBF, no entanto, reiterou que a camisa vermelha, caso exista, seria apenas comemorativa, com uso restrito a partidas não-oficiais, o que é permitido pelo estatuto da entidade. O artigo 13 do regulamento da CBF permite modelos com cores diversas “mediante aprovação da Diretoria”, desde que não sejam utilizados em jogos oficiais.

Apesar da resposta da CBF, a discussão segue ativa. Alguns apontam que outras seleções usam cores diferentes das bandeiras como a Itália (azul), Japão (azul) e Holanda (laranja) , mas, no caso do Brasil, a camisa azul tem uma carga histórica e simbólica singular. Ela foi usada pela primeira vez na final da Copa de 1958 e carrega, além da tradição esportiva, um significado religioso ligado ao manto de Nossa Senhora Aparecida, como lembrado por Galvão Bueno.

Além da cor em si, outra crítica presente é sobre a possível presença do logotipo da Jordan Brand (linha da Nike associada ao ex-jogador de basquete Michael Jordan) na nova camisa. Jornalistas e torcedores questionaram a relevância dessa associação com um ídolo de outro esporte e de outro país. “Por que colocar o Jordan na camisa da Seleção Brasileira e não o Pelé?”, foi um dos questionamentos que viralizou.

Diante da repercussão, o debate está longe de terminar. A camisa da Seleção não é apenas um item de vestuário ela representa uma identidade nacional, memórias afetivas, títulos históricos e até posicionamentos sociais. E qualquer tentativa de alterar esse símbolo, mesmo que por razões comerciais, será sempre acompanhada de grande atenção e, inevitavelmente, muita polêmica.

Fonte: Da Redação

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