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Campanha do Governo de Mato Grosso quer motoristas saudáveis nas ruas

O caos no trânsito dos grandes centros urbanos revela uma preocupação que vem se agravando nos últimos anos: o declínio da qualidade de vida e das relações humanas. Os males causados à saúde de quem mora em grandes metrópoles já não se resumem apenas às consequências da poluição. A crescente frota de veículos provoca mais acidentes (provocando mais traumas e mortes), mais estresse e alterações no comportamento.

As mortes no trânsito totalizam quase um milhão e trezentas mil, agregam-se 50 milhões de feridos e incapacitados em decorrência da imprudência no volante a cada ano. Segundo o Ministério da Saúde, 37 mil brasileiros morreram no trânsito em 2008 – outros 100 mil foram internados desde setembro de 2009, conquistando o primeiro lugar no ranking de procedimentos mais custosos ao SUS: são 113,4 milhões por ano. Estima-se que 20% dessas vítimas carregam sequelas para o resto de suas vidas e 4% simplesmente não sobrevivem.

A redução dos acidentes e, consequentemente, das mortes no trânsito, são prerrogativas incluídas na Década de Ação pela Segurança no Trânsito – campanha global criada pela Organização Mundial da Saúde.

Para o presidente do Detran-MT, Teodoro Moreira Lopes, o Dóia, é importante que instituições na esfera pública e privada se comprometam formalmente e definam políticas públicas e ações efetivas em defesa da segurança no trânsito e da prevenção das mortes e dos traumas. ''Esse quadro revela um país doente. A gestão do trânsito tornou-se uma questão de saúde pública. É preciso deixar de pensar o acidente de trânsito como um fato pontual, uma ocorrência de algo banal. Por isso estamos trabalhando firmemente na Campanha ‘Trânsito Consciente, pra vida seguir em frente’. Se cada um fizer sua parte, vamos sim mudar essa realidade”, diz Lopes.

Depois de reunir cerca de 15 mil pessoas, a céu aberto, nos dois primeiros eventos, em Cuiabá, em 8 de abril, e Chapada dos Guimarães, na semana passada, a Campanha do Governo de Mato Grosso, que leva importantes informações a estudantes da rede pública de ensino, se prepara para os eventos de Sorriso (Mega Cycle), em 7 de maio, e Tangará da Serra, no dia 21/5.

RISCOS NO TRÂNSITO

O médico Dirceu Rodrigues Alves Jr, diretor do Departamento de Medicina do Tráfego Ocupacional da Abramet também alerta para os prejuízos mais comuns à saúde de quem encara o trânsito. Os riscos a que estão submetidos os motoristas no trânsito podem ser classificados em, pelo menos, quatro: riscos físicos, químicos, ergonômicos e biológicos.

• Risco físico – Os ruídos, tanto do veículo quanto da movimentação em volta, são perigosos. ''Ao longo do tempo, esses ruídos desencadeiam problemas que podem causar danos irreversíveis. O zumbido é um processo degenerativo que pode evoluir para a perda auditiva e, em casos mais graves, para a surdez. É uma perda, além de crônica, incapacitante'', aponta Alves Jr.

• Risco químico – O crescimento das cidades e o consequente aumento no número de veículos nas ruas fizeram com que as fontes móveis de poluição (veículos leves e pesados) se tornassem um problema ainda maior para o agravamento da poluição atmosférica. ''Os gases, a fuligem, a poeira, enfim, todos esses agentes são altamente agressivos. Provocam doenças respiratórias, em casos mais simples, que podem levar a formação de tumores – exatamente como acontece com fumantes'', explica o médico da Abramet.

• Risco ergonômico – Muitos motoristas enfrentam diariamente o trânsito não apenas para ir de casa para o trabalho, mas como profissão. Motoristas de caminhão, ônibus ou vans passam horas sentados, o que compromete a postura, como explica Alves Jr. ''O esforço faz com que ele sobrecarregue a musculatura de braços, pernas, ombros e, principalmente, da coluna vertebral. O esforço repetitivo da troca de marchas e das manobras ao volante levam a um processo degenerativo, agravado ainda mais pela vibração do veículo'', aponta.

• Risco biológico – Ainda no que diz respeito a motoristas profissionais, há que se ressaltar que muitos transportam produtos perigosos ou mesmo passageiros. ''A exposição a microorganismos é constante, seja no transporte de pessoas, animais, combustíveis ou materiais radioativos. É um trabalho extremamente penoso e que coloca em risco a saúde do motorista'', alerta Alves Jr.

ACIDENTES

Os acidentes de trânsito têm impacto direto na saúde pública, seja pelos danos físicos ou psicológicos sofridos pelas vítimas e seus familiares, que podem gerar seqüelas permanentes. De forma inversa, a má condição de saúde física e mental (sono, influência de entorpecentes e álcool, stress, medo, redução dos reflexos, visão etc.) pode levar à incidência de acidentes viários.

ESTRESSE

O barulho das buzinas, os congestionamentos, além do tempo que motoristas perdem no trânsito desencadeiam reações fisiológicas que, se levadas ao extremo, podem comprometer o equilíbrio do organismo. De acordo com Alves Jr, esse quadro pode contribuir para a ocorrência de acidentes de trânsito. "O estresse (tanto físico, psicológico ou social) afeta o indivíduo e é mais um fator de preocupação. O medo de ser assaltado ou agredido, o fato de estar distante da família ou mesmo de não poder dar a atenção necessária à própria saúde, tornam ainda mais cansativa essa rotina", conclui.
Sono e direção

A privação do sono e a exaustão são fatores que diminuem a atenção do motorista e aumentam, potencialmente, o número de acidentes. Para cumprir as longas jornadas de trabalho, motoristas profissionais lançam mão do consumo de estimulantes para se manter acordados, porém comprometem a saúde e a segurança.

Fonte:Ass. DETRAN/MT

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