EDITORIAL

CEI da Santa Casa e a filantropia

A Comissão Especial de Inquérito (CEI), que investiga a situação da Santa Casa de Rondonópolis, precisa, de fato, ir a fundo nas apurações e apresentar uma resposta convincente à sociedade.

O motivo é simples e quase didático: o hospital recebe recursos públicos e vive em constante crise financeira. Sabemos que há dívidas expressivas com médicos e fornecedores. A população quer saber o que ocorreu e, mais do que isso, qual foi o destino dos recursos repassados.

Não se trata aqui de julgar a atual diretoria nem a gestão anterior, tampouco fazer ilações. O que se espera é que os vereadores atuem com profundidade e seriedade, e que ao final dos trabalhos, apresentem respostas concretas à sociedade.

Essa resposta, aliás, deve vir acompanhada de propostas que evitem a repetição dos mesmos problemas. Precisamos entender onde está a raiz do desequilíbrio: por que a Santa Casa gasta mais do que arrecada?

Sabemos que se trata de uma unidade filantrópica — portanto, sem fins lucrativos —, mas isso não significa que uma política de prejuízos constantes deva ser normalizada. Ao contrário: é preciso investigar a origem desses déficits. A filantropia é um valor nobre, mas prejuízos milionários desmotivam até quem atua com espírito de missão.

Um dos fatores pode estar na política de remuneração dos serviços prestados pela Santa Casa. É sabido que o hospital recebe repasses do Estado e da União com valores inferiores aos praticados em outras regiões de Mato Grosso.

Também é necessário avaliar os custos de manutenção e operação dos serviços. Não se trata, em hipótese alguma, de defender cortes no atendimento, mas sim de encontrar um ponto de equilíbrio entre receitas e despesas — sem perder o principal: a qualidade e a eficiência no atendimento à população.

O que não se pode aceitar é que a crise se arraste indefinidamente, como um labirinto sem saída.

Este veículo de comunicação acredita na idoneidade de todos os envolvidos na Santa Casa e, por isso, descarta de antemão qualquer hipótese de desvio de recursos. O que se percebe, na verdade, é um problema de gestão: o hospital tem gastado mais do que arrecada.

O que precisa ser descoberto é onde, exatamente, está o erro — e, mais importante, como corrigi-lo. Pode parecer simples, mas diante do volume de atendimentos e da complexidade da estrutura, trata-se de um desafio relevante.

Fonte: Da Redação

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