Cientistas desenvolvem película que mantém temperatura agradável, sem a necessidade de refrigeradores

Uma descoberta feita por dois pesquisadores da Universidade do Estado do Colorado (EUA) promete aposentar os aparelhos de ar condicionado e, de quebra, garantir economias consideráveis no consumo de energia elétrica. Trata-se de uma película que pode ser aplicada facilmente e pode impedir a entrada de calor, mantendo as temperaturas internas sempre agradáveis.
O material foi desenvolvido pelos cientistas Xiabo Yin e Ronggui Yang e descrito em estudo na revista Science e em outras publicações especializadas em engenharia. Segundo eles, a película é capaz de executar a refrigeração de ambientes sem precisar do uso de energia elétrica e gás refrigerador.
Os cientistas explicam que a película é produzida com polimetilpentano. Este é um plástico totalmente transparente que contém adições de pequenas pedras de vidro. O material se transforma em lâminas com 50 milionésimos de metro de espessura, após ter um dos seus lados, revestido com prata.
Colocada sobre o telhado, com o lado que está prateado voltado para baixo, a película é capaz de refletir a luz do sol – impedindo que o ambiente se aqueça e liberando o calor que é interno para a nossa atmosfera.
COMO FUNCIONA
O poder da película desenvolvida por Yang e Yin tem a ver com um processo chamado de refrigeração radiativa. O princípio parte de um dado natural: a atmosfera da Terra permite que certos comprimentos de onda infravermelha, que carregam calor, escapem para o espaço sem obstáculos. O que os cientistas fizeram foi converter o calor indesejado em radiação infravermelha no exato comprimento de onda que o planeta manda para fora.
O método não é novo. Em 2014, pesquisadores da Universidade de Stanford criaram um material à base de silício que cumpria a mesma função. O problema é que ele era muito mais caro e difícil de fabricar.
Já o filme inventado pelos pesquisadores da Universidade de Colorado é feito de polimetilpenteno, um plástico transparente e disponível comercialmente.
Segundo a revista “The Economist”, o poder de refrigeração da película é de 93 watts por metro quadrado, em caso de incidência direta de luz solar. À noite, o efeito é mais potente. De acordo com os pesquisadores, cerca de 20 metros quadrados do filme são suficientes para manter a temperatura de uma casa comum em 20°C num dia em que os termômetros marcam 37°C.
O sistema não precisa de eletricidade, embora exija um complemento que não funciona sem força. Para regular os níveis de refrigeração, seria necessário incluir um encanamento para carregar o calor da casa para o filme e assim manter a temperatura interna estável. As bombas de água provavelmente exigiriam energia elétrica, mas em pequena quantidade.
Ainda não há informações sobre a produção e uso em larga escala do novo material, mas a expectativa é de que a fabricação industrial ajude a reduzir os custos e disseminar a utilização.
Os cientistas afirmam que, além dos ganhos econômicos, a nova película traz também vantagens do ponto de vista ecológico.
Da Redação (com informações do Fundo Ferde/UFRJ)