Com combustível até R$ 0,30 mais barato, postos em rodovia atraem consumidores

Os mais respeitados especialistas em economia alertam: ‘o consumidor deve estar consciente do seu dever de pechinchar e de vasculhar o menor preço’. Tal máxima tem sido seguida a risca por vários cidadãos da região sul de Mato Grosso, que aproveitando a opção de postos de gasolina mais baratos em rodovias, têm se deslocado da área central da cidade para encher o tanque ao lado dos caminhões na BR. Em Rondonópolis, onde existe um dos entroncamentos rodoviários mais movimentados do Brasil, a diferença no bolso chega a ser de R$ 0,30 por litro de combustível. Enquanto é comercializado a R$ 2,39 dentro da cidade, o etanol é vendido a R$ 2,09 na BR, o que significa até R$ 15,00 de economia a cada completada.
Marcos Antônio Nalifico, morador do Vila Rica, comemora o fato de não ter que percorrer grande distância para ter um preço mais barato na bomba. Vizinho da BR, ele também comenta que quem vai aos postos da rodovia também compra qualidade. “O combustível ‘tá’ caro, ainda mais para a gente que precisa estar sempre abastecendo, que usa bastante o carro, é pesado. Mesmo assim eu sempre procuro saber a qualidade da gasolina que estou comprando e aqui estou satisfeito”, disse, enquanto aguardava o fim do trabalho da frentista que abastecia o tanque de seu carro em um posto de ‘bandeira’, como são chamados os revendedores de maior credibilidade entre os consumidores.
A assistente social Tatiane Coelho, que trabalha no Fórum de Rondonópolis, mas mora em Pedra Preta também foi ouvida pela reportagem especial da semana do Folha Regional e testemunhou que aproveita sua necessidade de estar acessando semanalmente a BR 364 para gastar menos no fim do mês. “Eu só abasteço na rodovia desde 2008. Infelizmente o preço do combustível está muito caro e temos de ficar atentos, fazendo conta mesmo. Passei a usar a gasolina e não fiquei satisfeita, conclui que na pista ainda compensa o etanol. Como estou vindo a Rondonópolis duas vezes por semana, aproveito para parar aqui. Nem dentro da cidade, muito menos em Pedra Preta achei postos com preços melhores”, disse, enquanto passava o cartão com a certeza de quem fez o melhor negócio.
O administrador Dênis Alves Ribeiro, que mora Jardim Paulista de Rondonópolis, é outro a aproveitar o fato de que tem que passar na frente de um posto de combustível da rodovia todo dia para ir trabalhar e se planeja de maneira a não correr o risco de não ter que gastar mais nem de fim de semana, quando está de folga. “Eu costumo fazer uma média para não faltar combustível no fim de semana e ter que me deslocar até aqui. Mas mesmo quando preciso abastecer no sábado e domingo é para cá que eu vô. A diferença é muito grande, não dá para entender o porquê disso. Na ponta da caneta significa 5 litros de diferença se você for encher o tanque, é muita coisa”, avaliou. A ‘sobra’, no entanto, chega ser maior do que a dita por Dênis, já que a economia, no caso do etanol, significa até mais que 7 litros por cada tanque cheio.
Gasolina e outro lado
O Diário Oficial da União divulgou no fim do ano passado o preço do valor médio da gasolina em todos os estados brasileiros com base na Agência Nacional do Petróleo. Na ocasião, Mato Grosso ficou apenas atrás do Acre, que apareceu líder da amostragem, com um preço médio de R$ 3,25 o litro, e do estado de Rondônia, que teve o custo do combustível cravado em R$ 3,05. O estado de Mato Grosso, segundo a pesquisa, comercializa, em média, o combustível a R$ 3,01. O preço, no entanto, foi contestado por vários estudiosos, que argumentaram que na região do Araguaia, por exemplo, especialmente no norte, o consumidor chegava a pagar, em dezembro, R$ 3,55 pelo litro da gasolina. Em São José do Xingu a situação é ainda pior. Por lá, o desembolso chega a ser de R$ 3,65, o que faz o cidadão pagar quase R$ 200 para conseguir encher o tanque do carro.
A realidade relacionada ao preço da gasolina em Rondonópolis não é tão diferente do etanol, no que diz respeito a diferença do preço dentro da cidade e na rodovia. O combustível, que tem um rendimento maior dentro do tanque do automóvel, é comprado a até R$ 3,05 na saída da cidade em postos de bandeira, enquanto que dentro do município, o preço médio do litro do combustível está por volta de R$ 3,18. A gerente de um posto de gasolina que fica no trevão, Lilian Rosa Cardoso, onde se encontram a BR 163 e 364, comenta com naturalidade a diferença e diz que se trata de uma realidade diferença. “Aqui a movimentação é maior e normalmente quando a pessoa vem com o carro é para encher o tanque, então nos permite trabalhar com uma margem menor. No caso da nossa gasolina aditivada, no entanto, o preço é quase igual. Vendemos a R$ 3,19, quase a mesma coisa que se cobra no centro. Então tudo vai depender de caso a caso, cabe a pessoa fazer suas contas e ver se compensa”, minimizou.
A reportagem entrou em contato com o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Estado de Mato Grosso e tentou falar com o diretor executivo Nelson Soares para buscar uma explicação oficial sobre a diferença entre o preço do combustível dos centros das cidades do estado com o praticado na rodovia. Nelson, porém, afirmou que não poderia atender a reportagem. A assessoria do Sindipetróleo explicou que ‘o foco dos postos de gasolina instalados em rodovias é o óleo diesel e que a prática de mercado comum entre estas empresas é ganhar no volume.Esta situação geraria ao a diferença. A assessoria ainda confirmou que cada empresário tem liberdade individual para estabelecer seu preço.
Hevandro Soares



