AGROPECUÁRIA

Algodão orgânico tem preço três vezes maior do que convencional

O algodão é uma das culturas em que mais se aplica inseticidas no mundo, porque, além de sofrer com muitas pragas, principalmente o bicudo, o algodão não é comestível. Por estes motivos, até pouco tempo não se pensava em produzir algodão orgânico, mas o nicho de mercado de consumidores que estão dispostos a pagar até três vezes mais por produtos livres de agrotóxicos é crescente e a Embrapa Algodão desenvolveu tecnologias alternativas para o manejo fitossanitário e adubação orgânica da cultura.

Toda a cultura produzida organicamente pressupõe a não utilização de insumos químicos. Significa que você não pode utilizar inseticida para combater praga, não pode usar fungicida químico pra controlar doenças nem pode usar fertilizante químico pra adubar o solo. Você tem que utilizar substancias orgânicas, que já existem na natureza, e substâncias botânicas. É produzir de forma limpa. As estratégias alternativas permitem que a gente produza algodão orgânico de qualidade e com produtividade semelhante ao algodão convencional. O algodão orgânico vai atender um nicho de mercado que é exigente na qualidade dos produtos agrícolas. Esse segmento às vezes paga três vezes o preço da pluma, em relação à pluma tradicional, porque sabe que é um produto limpo que não vai causar alergia nas pessoas. Você pode ter a mesma produtividade do algodoeiro convencional, sem aplicar uma gota de inseticida. Vai agregar valor ao produto e vender por um preço maior, gerando renda para o agricultor familiar do Nordeste – destaca o pesquisador na área de entomologia Carlos Alberto Domingues da Silva, chefe de pesquisa, desenvolvimento e inovação da Embrapa Algodão.

A rotação de cultura também é uma prática importante na produção do algodão orgânico, mas o problema é que o produtor precisa escolher culturas que também tenham tecnologias orgânicas desenvolvidas e o leque de opções não é muito grande. De nada adianta plantar milho, soja ou frutas na rotação utilizando químicos. Se o produtor escolher o milho para rotacionar com o algodão, precisa ser um milho orgânico. O desafio do agricultor é escolher uma cultura que seja rentável, adaptada à região e que possa ser cultivada organicamente também.
Na região do Semiárido, além destas práticas que já foram mencionadas, é possível também se realizar o controle climático. A gente se aproveita da natureza para exercer o controle de pragas. A temperatura do solo chega a mais de 50º, então, quando o botão do algodão atacado pelo bicudo cai ao solo, na região semiárida, ele perde água e dentro dele a larva do bicudo morre também pela alta temperatura do solo. É um controle realizado pela natureza, pela ação do clima – diz o pesquisador da Embrapa Algodão, que foi um dos palestrantes do Dia de Campo de Algodão Orgânico, no dia 9 de julho, no município de Itaporanga, na Paraíba.

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