Brasil e Noruega discutem cooperação técnica na área de biossegurança
Representantes da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, uma das 41 unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, e do Genok – Centro de Biossegurança, localizado na cidade de Tromso, Noruega, estiveram reunidos na ultima semana na sede da Unidade em Brasília, DF, para discutir linhas de cooperação técnica na área de biossegurança de organismos geneticamente modificados – OGMs. O chefe-geral da Unidade, Mauro Carneiro, apresentou hoje pela manhã o programa de pesquisa e desenvolvimento para os especialistas noruegueses.
A Embrapa é uma das empresas pioneiras no Brasil em atividades relacionadas à biossegurança de organismos geneticamente modificados – OGMs. Mesmo antes da aprovação da primeira versão da Lei de Biossegurança no Brasil, em 1995, a Empresa já participava das discussões acerca deste assunto no país e no exterior, visando intensificar a discussão e definir estratégias para avaliação de riscos inerentes à introdução desses organismos na alimentação e no ambiente.
Nas últimas décadas e com a crescente demanda de desenvolvimento de OGMs, a Embrapa vem investindo no treinamento de seus cientistas na área de biossegurança. O objetivo é capacitar esses profissionais em metodologias científicas relacionadas à avaliação da segurança alimentar e ambiental dos OGMs desenvolvidos pela Embrapa, atendendo prioritariamente ao sistema legal brasileiro, e também aumentar a percepção pública acerca deste assunto no Brasil.
O conhecimento adquirido pelos especialistas da Embrapa e a sua importância no cenário científico e social brasileiro despertaram a atenção dos diretores do Genok, que procuraram a Empresa para formalizar um programa de parceria técnica nessa área. O Genok – Centro de Biossegurança é uma fundação de pesquisa independente, sem fins lucrativos, fundada em 1998, com sede provisória na Universidade de Tromso, Noruega, que tem como principais objetivos desenvolver metodologias científicas para garantir a segurança alimentar e ambiental da utilização de OGMs e investir em capacitação, treinamentos e outras atividades nessa área.
Biossegurança nos cinco continentes
Segundo o diretor-geral do Centro, Trond Skotvold, o objetivo é assessorar o governo e as indústrias norueguesas no desenvolvimento de produtos geneticamente modificados dentro das normas de biossegurança. Segundo ele e o diretor-científico, Tarje Traavik, que também está presente à reunião, as parcerias internacionais são fundamentais, já que permitem a troca de experiências em termos científicos, envolvendo informações obtidas a partir de testes de campo com OGMs além de metodologias científicas de avaliação de riscos.
O Genok já mantém parcerias com países europeus, China, Zâmbia e Nova Zelândia e o objetivo agora é expandir essa cooperação para a América Latina, através da Embrapa. “As parcerias nos permitem avaliar e comparar dados ambientais e de campo em vários países diferentes, o que é muito positivo para difundir e harmonizar os estudos com organismos geneticamente modificados. Por isso, pretendemos manter parceiros em todos os cinco continentes”, ressaltaram os diretores.
Segundo as pesquisadoras Eliana Fontes e Débora Pires, especialistas em biossegurança de OGMs na Embrapa, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia é a Unidade ideal para iniciar essa parceria no Brasil, já que alia pesquisas de conservação de recursos genéticos a tecnologias de ponta na área de transgenia e genômica, entre outras.”É claro que esse é o primeiro passo. Pois, com o tempo, a cooperação vai envolver outras unidades da Embrapa, universidades e instituições de pesquisa estaduais e nacionais no Brasil”, enfatiza.
Durante esses dois dias, como explicam as pesquisadoras, serão definidas as linhas de pesquisa que vão nortear a cooperação entre a Embrapa e o Genok, mas provavelmente o foco será em duas áreas: a primeira é a de ecologia, que envolve estudos ambientais de análise de riscos da liberação de OGMs, considerando os impactos positivos e negativos da introdução de organismos transgênicos no ambiente, e a segunda é a de caracterização genética, baseada na utilização de modernas ferramentas para conhecer a fundo a estrutura molecular de espécies vegetais de importância agrícola. O conhecimento genético-molecular das plantas é fundamental para desenvolver metodologias mais eficientes de conservação, além de gerar informações biológicas para garantir a sustentabilidade produtiva dos recursos genéticos vegetais. As informações são da assessoria de imprensa da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.
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