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sexta-feira, maio 17, 2024

Crise atual é muito mais grave por ser sistêmica

“Se compararmos a atual crise com a que vivenciamos em 2004, a daquela época era setorial, porque atingiu somente o agronegócio e, essa de agora, é sistêmica, porque repercute nos demais segmentos da economia”, disse o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (IMEA), Seneri Paludo, em coletiva à imprensa na sede da Federação da Agricultura, Pecuária de Mato Grosso (Famato) realizada na sexta-feira (24), sobre o agravamento da crise internacional e suas conseqüências para a agricultura mato-grossense.

Paludo acrescentou que além de sistêmica, ninguém sabe responder qual é o tamanho e a duração desta crise. "O que presenciamos é que essa crise já norteia o agronegócio e seus efeitos também chegaram nos custos de insumos e na comercialização dos produtos agrícolas".

O assunto foi uma prévia do que será discutido durante o 19º Seminário de Exportação do Agronegócio (AgroEx) que acontece no próximo dia 30 de outubro (quinta-feira) em Cuiabá, no auditório da FAMATO.

Outro participante da reunião com os jornalistas, o engenheiro agrônomo do Departamento Técnico da Famato, Luciano Gonçalves, também externou algumas preocupações e possíveis tendências quanto ao consumo de alimentos. “Daqui a menos de uma década, exatamente no ano de 2015, previsões de especialistas apontam que haverá um aumento de 30% no consumo global de alimentos e de biodiesel, uma demanda que vai exigir algo em torno de 140 milhões de hectares adicionais de áreas de produção”.
Sobre possíveis impactos em curto prazo para Mato Grosso, Gonçalves é taxativo ao dizer que “se não forem tomadas medidas estruturais urgentes para a recuperação do crédito do produtor, a situação ficará pior em 2009”. A necessidade de crédito para a safra 2008/2009 de Mato Grosso para a cultura da soja é de R$ 8,31 bilhões, para o plantio do milho são outros R$ 1,81 bilhão e para o plantio do algodão R$ 2,11 bilhões.

CRÉDITO – O superintendente do Imea destaca que a diferença para a obtenção de crédito deste ano em comparação a safra 2007/2008 é de 43%, ou seja, enquanto no ano passado foram investidos R$ 8,54 bilhões, nesta próxima safra os recursos necessários alcançam os R$ 12,23 bilhões. De acordo com dados do IMEA, no plantio da soja por exemplo, R$ 2,42 bilhões é o montante de recurso próprio que dispõe o produtor para uma necessidade de R$ 3,95 bilhões, uma diferença de 46% de crédito adicional que o sojicultor precisará providenciar para a próxima safra.

Outro alerta verificado nessa necessidade de crédito foi em relação as trades ou capital privado em que havia uma estimativa de R$ 7,40 bilhões e conforme palavras de Seneri, “ainda mais agora com esse advento da crise, esse montante de dinheiro que havia para a negociação com a trades simplesmente sumiu do mercado de crédito”. Durante o AgroEx este assunto em torno de concessão de linhas e programas de financiamento ao produtor também será outro tema amplamente debatido.
ALGODÃO – De acordo com o superintendente do IMEA, considerando as culturas da soja, milho e algodão, destas três a que está mais propensa a amargar uma retração na próxima safra é o cultivo do algodão. Em termos de rentabilidade ao cotonicultor de Mato Grosso, o valor é variável entre US$ 400 a US$ 500 de prejuízo por hectare. O custo de produção é bem mais elevado do que a soja e o milho por exemplo, chegando a custar entre US$ 2.300 a US$ 2.500 por hectare de algodão.
VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO – Conforme antecipou Seneri Paludo, no próximo dia 30 de outubro, um relatório atualizado do IMEA será divulgado para a imprensa contendo análises sobre o Valor Bruto da Produção (VBP) para a safra 2008/2009. Na oportunidade, Paludo adiantou alguns números de referência, por exemplo, salientou que o VBP analisado pelo IMEA em setembro apontou variação de preço de venda ponderada de R$ 475 milhões, isto é, montante do valor que o produtor deixou de arrecadar devido à redução de área em 20% no plantio do milho, redução de 19% no algodão e de 3% para a soja.

Seneri não descartou uma possível projeção de maior elevação de perdas estimadas nesse atual cenário econômico. Disse que se forem confirmadas as novas variações de redução de área em 30% para plantio do milho, redução de área em 25% para o algodão e soja sem incremento, o novo valor de perdas estimadas sobre o valor bruto de produção (que é o cálculo do custo de produção x preço de venda = receita) o VBP saltará para R$ 2,1 bilhões.
Famato

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