“Crise política precisa ser resolvida o mais rápido possível”

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), afirmou que as denúncias contra o presidente Michel Temer têm dificultado o andamento do Governo e, consequentemente, a economia. Temer foi acusado formalmente pela Procuradoria Geral da República por crime de corrupção passiva com base nas delações de executivos do grupo J&F, que controla a JBS.
Como se trata de um presidente da República, antes de o Supremo Tribunal Federal (STF) analisar se aceita ou não a denúncia, é preciso à autorização da Câmara. Na última segunda-feira (10), o deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), relator da denúncia, recomendou o prosseguimento do processo.
“Certamente dificulta o Governo. A economia e o governo são muito ligados e sempre que há um problema na política, você acaba afetando a economia. Então, precisamos resolver o mais rápido possível esses assuntos”, afirmou ao MidiaNews.
Blairo defendeu que o assunto seja “superado” de forma imediata, para que o País volte a crescer. “A gente precisa revolver isso o mais rápido possível. Fazer com que as coisas voltem ao normal, que o País possa voltar a crescer, gerar empregos. Enfim, política não está fácil para o Brasil nesse momento”, disse o ministro.
Governo Maia – Sobre a possibilidade de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assumir o Governo, com o andamento do processo contra Temer, Blairo disse ainda não saber se continua como ministro. “A gente nem sabe se essas denúncias vão ser aceitas, se o presidente vai responder, ou não vai responder. A política vai ser resolvida dentro da política e eu vou aguardar”, afirmou.
“Depois que sair a definição, a gente toma as decisões junto com o partido”, disse se referindo ao PP.
Apesar disso, Blairo afirmou que Temer, e ele próprio, têm trabalhado para manter a base “unida”. Inclusive, para evitar que siglas importantes como o PSDB desembarquem do Governo.
“O PSDB é um partido que está discutindo isso. Não sei qual a decisão. É preciso que todos permaneçam na base para que possamos fazer as mudanças que precisam ser feitas. As reformas Trabalhista, Tributária e da Previdência ajudariam muito o Brasil sair da situação que se encontra hoje”, completou.
Denúncia contra Temer – A acusação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se baseia nas investigações abertas a partir das delações de executivos da JBS na Operação Lava Jato.
Em abril deste ano, o ex-deputado e ex-assessor do presidente Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) foi filmado, saindo de um restaurante em São Paulo, com uma mala contendo R$ 500 mil.
Segundo a PGR, o dinheiro destinava-se a Michel Temer e era parte de propina paga pela JBS para que a empresa fosse favorecida, por influência do governo, no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), num processo para reduzir preço do gás fornecido pela Petrobras a uma termelétrica da empresa.
Janot diz que a vantagem indevida foi aceita por Temer e Rocha Loures em troca do favorecimento totalizava R$ 38 milhões. Como somente teriam sido entregues R$ 500 mil, o procurador-geral pede que o presidente seja condenado a pagar R$ 10 milhões por reparação de danos e que Loures pague R$ 2 milhões.