Base se rebela e Senado rejeita recondução de diretor da ANTT

Numa rebelião conduzida por partidos aliados, o governo sofreu nesta quarta-feira a primeira grande derrota no Senado desde que a presidente Dilma Rousseff assumiu o cargo. Em um recado ao Palácio do Planalto, os senadores rejeitaram a recondução de Bernardo Figueiredo para a diretoria-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), mesmo com maioria folgada na Casa.
A rebelião foi conduzida, em especial, pelo PMDB. Depois de deputados do partido assinarem manifesto com críticas e cobranças ao governo, parte da bancada no Senado decidiu usar a indicação de Figueiredo para revelar a insatisfação –e aproveitaram a votação secreta da indicação, que permite as dissidências sem eventuais retaliações do governo.
Comissão do Senado aprova recondução de diretor da ANTT
"Foi um posicionamento político de pessoas que estão insatisfeitas. O governo vai avaliar o que fazer. Existem insatisfações em vários partidos que foram manifestadas no voto secreto. A gente tem que entender o recado, aprofundar as relações políticas e acabar com as defecções", disse o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).
Único senador a defender a indicação de Figueiredo no plenário do Senado, Lindbergh Farias (PT-RJ) atribuiu ao PMDB a derrota do governo. "O governo foi derrotado pela base dele. Não foi um recado apenas, foram vários recados, do PMDB centralmente."
Na semana passada, a bancada do PMDB divulgou manifesto dizendo que a relação entre o PT e PMDB com o governo é "desigual" e que o partido vive numa "encruzilhada, onde o PT se prepara, com ampla estrutura governamental, para tirar do PMDB o protagonismo municipalista no país". O partido também reclama que os ministros da sigla estão "limitados" em suas ações, subordinados à Casa Civil e à Secretaria de Relações Institucionais da Presidência sem autonomia para solucionar questões nem espaço de diálogo com a presidente.
ACUSAÇÕES
Em votação secreta, o nome de Figueiredo foi rejeitado por 36 votos contrários à sua indicação, 31 favoráveis e uma abstenção. Além da questão política, parte da base era favorável à derrubada da recondução do diretor da ANTT por ele ser acusado de uma série de irregularidades –entre elas a suspeita de que teve ações de empresas privatizadas na época em que presidiu a Associação de Empresas Ferroviárias do Brasil.
O senador Roberto Requião (PMDB-PR) foi um dos articuladores da derrubada da indicação. Com acusações contra Figueiredo, Requião mobilizou a bancada peemedebista para derrubar o nome do diretor. Na reunião da bancada esta semana, o senador fez um apelo aos colegas de partido para que rejeitassem a indicação.
"Vamos impedir que a nossa presidenta, no Dia Internacional da Mulher, caia nessa armadilha de entregar para o cabrito o cuidado da horta. O senhor Bernardo Figueiredo é completa e absolutamente inadequado pelos interesses que ostensivamente defende. A indicação será um desastre terrível para a base de apoio do governo federal nas próximas eleições", disse Requião.
Aliado de Dilma, o senador Pedro Taques (PDT-MT) fez um duro discurso contra a indicação de Figueiredo. "Sou contra a sua indicação. Ele é incompetente. Não existe princípio da presunção da inocência quando as leis falam em reputação ilibada."
Fonte:Folha on line