Para FHC, crise segue afetando o Brasil

O sociólogo e ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso participou, na noite de segunda-feira, do programa “Roda Viva” da “TV Cultura”. Durante a entrevista, ele respondeu perguntas sobre a crise financeira mundial, acordos no Mercosul e a eleição do presidente dos Estados Unidos Barack Obama.
FHC alertou que o Brasil ainda sofre com a crise — que fez grandes estragos em potências mundiais e causou sérios danos a países emergentes –, mas disse que o País tem condições de suportá-la. “Hoje o Brasil está mais bem preparado para enfrentar as dificuldades do que esteve no passado. Isso é fruto do que fizemos no nosso governo e o que esta sendo feito hoje. É uma somatória”, disse.
Contudo, o ex-presidente mantém a cautela em sua avaliação. Ele afirmou que “ainda é cedo para dizer que o pior já passou”. “Aqui no Brasil ainda estamos sofrendo. As exportações caíram, o desemprego aumentou. É prematuro afirmar isso. Lá fora, sim, é possível que o pior tenha passado, aqui no Brasil ainda sofremos com as conseqüências.
Mercosul
Para FHC, o Brasil deveria ter feito mais acordos com os vizinhos da América Latina. “Estamos ficando ilhados no Mercosul”
De acordo com o ex-presidente, a falta de relações comerciais com os vizinhos só será sentida agora, em tempos de crise. “Na época de abundância, não se notava as dificuldades, mas, agora, em tempos de crise sentimos essa necessidade”, afirmou.
Obama
Fernando Henrique falou também sobre a eleição do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e as expectativas para seu governo.
“A eleição de Obama abriu um certo espaço de renovação, e isso é importante”, disse. “Primeiro ele tem que focar em resolver a crise financeira, da qual será cobrado resolvendo ou não. Depois, olhar para a China, porque a China é muito importante para o mundo e essa relação é essencial para o crescimento da economia mundial e até a paz”, completou.
Sem esquecer do mundo islâmico, FHC citou também que Obama deve ter um olhar atento para o mundo árabe, inclusive com históricos rivais, como Irã, por exemplo.
Prévias no PSDB
Sobre as prévias para escolha do candidato do PSDB à presidência da República, FHC disse "não haver inconveniente em consultar um colégio eleitoral" mais amplo caso não haja desistência por parte de candidatos.
Fernando Henrique também defendeu o ex-presidente do Banco Central, o economista Chico Lopes, da acusação de privilegiar os Bancos Marka e Fonte Cindam. À época, o BC vendeu dólares mais baratos a estes bancos sob alegação de evitar um abalo ao sistema financeiro nacional. “Ele foi condenado por uma coisa que nos EUA eles fazem arbitrariamente”, disse, referindo-se a atuação do governo daquele país frente à atual crise do sistema financeiro.
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