Entidades e parlamentares se manifestam sobre ameaças aos jornalistas que denunciaram fake news

Entidades representativas do jornalismo e parlamentares repudiaram as ameaças de morte contra o jornalista Lucas Neiva, do Congresso em Foco, em represália por ter revelado o funcionamento de um esquema de fake news pró-Bolsonaro em uma plataforma da internet no último sábado (4).
Em notas ou mensagens, todos também cobraram investigação rigorosa e punição exemplar para os criminosos, que também vazaram informações pessoais do repórter, atacaram a editora do Congresso em Foco Insider, Vanessa Lippelt, e o próprio site na manhã desse domingo (5).
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) vai solicitar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que apure as denúncias feitas pela reportagem de Lucas Neiva, que mostrou a oferta de criptomoeda como pagamento pela produção de conteúdo falso favorável ao presidente Jair Bolsonaro e contra seus adversários políticos.
Além da ABI, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), a Associação de Jornalismo Digital (Ajor) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) também condenaram as tentativas de intimidação ao trabalho da imprensa. “O jornalismo livre é pilar da democracia e deve colaborar para que essas eleições sejam limpas e democráticas”, diz a Abraji. “Não toleraremos esta ou qualquer tentativa de cerceamento ao livre exercício profissional jornalístico”, ressalta a Ajor. “Sabemos que essas manifestações encontram respaldo nas declarações do próprio presidente da República e de outras figuras públicas, que, ao longo dos últimos anos, tentaram constranger e calar os/as jornalistas”, afirma nota da Fenaj e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Humberto Costa (PT-PE), informou que o colegiado vai tomar todas as providências para apurar as ameaças contra o jornalista. “Estes criminosos não calarão as vozes daqueles que diuturnamente trabalham para nos trazer informação e conhecimento; estes criminosos não cercearão a imprensa brasileira; estes criminosos não rasgarão a Constituição Federal”, destacou o senador.
O deputado Fábio Trad (PSD-MS) afirmou que vai acionar o Ministério Público, a Polícia Federal e a Comissão de Direitos Humanos da Câmara para que investiguem a origem dos ataques.
A pré-candidata do MDB à Presidência, senadora Simone Tebet (MS), assim como o seu partido, defendeu a liberdade de imprensa ao repudiar as ameaças. Os senadores Fabiano Contarato (PT-ES) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também se manifestaram, assim como o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), que preside a CDH, e Marcelo Freixo (PSB-RJ), pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro.
Além de entidades e parlamentares, diversos jornalistas, leitores e profissionais de outras áreas se solidarizaram com o Congresso em Foco e sua equipe. A todas e a todos, nossos agradecimentos. Não baixaremos a guarda e continuaremos a denunciar quem atenta contra a democracia.
AMEAÇAS
Tanto o esquema quanto as ameaças foram feitas por meio do site 1500chan, o mais ativo imageboard brasileiro.
“Parece que alguém vai amanhecer morto”, escreveu um dos usuários.
“Eu ri do jornalista esfaqueado em Brasília e queria que acontecesse mais”, acrescentou outro.
O imageboard, também chamado pelos usuários de chan, é um fórum anônimo em que internautas se comunicam sem qualquer tipo de identificação, não havendo distinção entre eles.
Ataques a movimentos sociais, propaganda de extrema-direita, divulgação de conteúdo declaradamente racista e antissemita, bem como teorias de conspiração ocupam o topo das abas políticas desses sites.
Da Redação (com informações do Congresso em Foco)