Fala de vereador “cachorra viciada” contra prefeita de Pedra Preta gera onda de repúdio em Mato Grosso

Em um episódio que contrasta diretamente com a campanha do “Agosto Lilás”, mês de conscientização pelo fim da violência contra a mulher, uma declaração de um vereador de Pedra Preta contra a prefeita do município, Iraci Souza, gerou uma imediata e veemente onda de repúdio que se espalhou por todo o estado de Mato Grosso. A fala, proferida durante uma sessão na Câmara Municipal, foi classificada por diversas lideranças políticas como um ato de violência política de gênero, resultando em anúncios de medidas institucionais para a responsabilização do parlamentar.

O estopim da crise foi o pronunciamento do vereador de primeiro mandato, Gilson José de Souza. Ao justificar seu voto contrário em uma pauta e reclamar da dificuldade em obter recursos de deputados para o município, o parlamentar atacou a prefeita Iraci Souza, usando o termo “cachorra viciada” para se referir a ela e a outros políticos em período eleitoral. “Tem que tomar vergonha na cara e não ficar fazendo só na época de política que nem cachorra viciada dentro dos assentamentos pedir voto, não”, declarou o vereador na tribuna.
Repercussão Estadual e Medidas Formais

A repercussão atingiu rapidamente as esferas estaduais, com lideranças utilizando as redes sociais para se manifestar. O presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Léo Bortolin, gravou um vídeo no qual, em nome dos 141 prefeitos de Mato Grosso, repudiou a conduta e anunciou que a assessoria jurídica da entidade foi acionada para protocolar um pedido de análise por quebra de decoro parlamentar na Câmara de Pedra Preta.

Também por vídeo, a deputada estadual Janaina Riva (MDB) informou que a Procuradoria da Mulher da Assembleia Legislativa acionará os órgãos competentes, incluindo o Ministério Público. A deputada classificou a fala como “violência política de gênero” e defendeu que o vereador deveria se tornar inelegível. A primeira-dama do estado, Virgínia Mendes, divulgou uma nota à imprensa, considerando a postura “inaceitável” e “misógina”.

Em resposta, a prefeita Iraci Souza, ao lado de seu vice-prefeito Lenildo Augusto, também se manifestou em vídeo. O vice-prefeito repudiou a fala, classificando-a como “extremamente machista e desrespeitosa”. A prefeita Iraci foi além e afirmou que este não foi um ataque isolado, mas sim “um dos piores” de uma série de ofensas que vem sofrendo. Segundo a gestora, esse tipo de postura, que ela classifica como “ignorância política contra as mulheres”, dificulta a participação feminina na vida pública. “Nós não precisamos de vereador machista que quer dominar e falar o que a Prefeita deve fazer”, declarou.

O caso também gerou reações na cidade vizinha de Rondonópolis. A vereadora Luciana Horta (PL) gravou um vídeo repudiando a fala, classificando-a como “criminosa”.

O vereador Ibrahim Zaher (MDB), também em vídeo, lamentou o ocorrido e sugeriu que o caso seja levado ao Conselho de Ética da Câmara de Pedra Preta, para que “atos como esse não aconteçam nunca mais”.
Fonte: Da Redação