Segmento de imóvel voltado à classe C tem crédito no Minha Casa, Minha Vida

Nem só de notícias ruins vive o mercado imobiliário e o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. Essa é a ideia central de um estudo que será divulgado na última semana, na 15ª Conferência Internacional de Real Estate, na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. A autora, que adiantou o levantamento para o iG, mostra que duas modalidades (faixa 2 e 3) dentro do programa habitacional seguem competitivas.
“A principal peculiaridade do trabalho com público que pode comprar imóveis do faixa 2 e 3 do MCMV, cujo teto é de R$ 190 mil, é a necessidade de informá-lo de que há crédito e que possível adquirir um imóvel agora. O programa do governo federal é uma oportunidade única para esse fim”, explica Cecília Cavazani, autora do estudo “Estratégias para a Classe C: considerações sobre marketing e vendas para a nova classe média”.
Cecília além de pesquisadora é advogada e trabalha na construtora de sua família, a Cavazani Construtora, especializada em imóveis para a classe C que atua em Guarulhos, na Grande São Paulo. Ela afirma, no entanto, que dentro do cenário atual é preciso driblar o volume imenso de informações negativas e chegar até o cliente potencial, que se afasta do sonho de comprar a casa própria porque não sabe que há crédito direcionado e suficiente.
De acordo com a Fundação Getúlio Vargas, mais da metade da população brasileira hoje pertence à classe C. A renda mensal familiar desse estrato social varia entre R$ 1.064 e R$ 4.591, o que resulta em cerca de 108 milhões de pessoas.
Cecília explica que há crédito para essas duas modalidades porque os recursos não dependem de governo, são do FGTS. O faixa 2 é voltado para famílias com renda de até R$ 2.700, com taxas de juros de 6% ao ano. Já para as famílias com renda de até R$ 3.600, os juros são de 7% a.a..
Para os imóveis da faixa 3, famílias com até R$ 6.500 tem os juros anuais 8%. O teto por unidade é R$ 190 mil, mas deve ter atualizações para cima, segundo informou no dia 10 de setembro o Ministério das Cidades.
Construtora voltada para a classe C usa loja em centro popular de Guarulhos para mostrar unidades que podem ser compradas dentro do Minha Casa, Minha Vida
Cavazani Construtora/Divulgação
Construtora voltada para a classe C usa loja em centro popular de Guarulhos para mostrar unidades que podem ser compradas dentro do Minha Casa, Minha Vida
Dados do Canal FGTS confirmam o que diz o estudo: até o dia 3 de setembro, R$ 33,8 bilhões do FGTS foram utilizados para financiar 351.697 unidades habitacionais populares no País. O número é superior aos R$ 30,2 bilhões em empréstimos para construção, com esses recursos, de 320.185 unidades em todo o ano de 2014. “Falta crédito para o faixa 1, cujos recursos são do caixa do governo”, detalha Cecília.
O FGTS fechou 2014 com um volume de ativos que totalizaram R$ 410,4 bilhões, além de patrimônio líquido que alcançou R$ 77,5 bilhões. A contratação de subsídios chegou a R$ 7,89 bilhões, sendo a maior parte destinada aos trabalhadores com conta vinculada.