Ex-conselheiro aponta racha no Conselho da Santa Casa e faz novas denúncias à CEI

O ex-conselheiro da Santa Casa de Rondonópolis, Ernando Machado, prestou depoimento nesta semana à Comissão Especial de Inquérito (CEI) instaurada pela Câmara Municipal para apurar possíveis irregularidades na gestão do hospital filantrópico. Em seu relato, Machado apresentou novas denúncias e destacou que o Conselho Administrativo da unidade vivia um racha, motivado pelas decisões da então diretora executiva, Bianca Talita Franco.
Segundo Ernando, Bianca agia como se fosse “dona da Santa Casa”, tomando decisões e, em muitos casos, sem sequer informar os demais conselheiros. Ele afirmou que parte significativa do Conselho, no entanto, apoiava as ações da gestora. Ele conta que chegou a recomendar a saída dela, mas foi voto vencido e que tinha tanto domínio da situação que pautava o próprio conselho.
Um dos principais pontos de conflito apontado por Machado foi o relacionamento da ex-diretora com o corpo clínico do hospital, que, segundo ele, era desgastado. No campo administrativo, Ernando afirmou que Bianca “vendia sonhos”, ao garantir que havia recursos de emendas parlamentares , o que, na prática, não se concretizava.
Durante o depoimento, o ex-conselheiro revelou ainda que o Conselho recebeu uma carta anônima contendo denúncias de irregularidades na gestão de Bianca. Uma auditoria foi realizada à época, e as acusações não foram comprovadas.
No entanto, a CEI pediu uma cópia do documento para ser anexada ao processo.
O presidente da CEI, vereador Ibrahim Zaher, considerou o depoimento importante para o avanço das investigações. “É uma pessoa com ampla experiência dentro da Santa Casa. Apesar de ter deixado o Conselho recentemente, sua vivência ajuda a entender a dinâmica interna do hospital. Desde a criação da CEI já tivemos avanços significativos. A atual diretora executiva nos apresentou uma economia de mais de R$ 8 milhões com encerramento de contratos — muitos identificados graças ao trabalho da comissão. Isso já representa quase 30% do déficit anual da Santa Casa”, explicou Zaher.
Ernando também ponderou que o déficit financeiro da Santa Casa não se deve apenas à má gestão. “Não vejo que todo esse déficit seja fruto exclusivo de falhas administrativas. O problema passa por fatores externos, como as defasadas tabelas do SUS, que não cobrem os custos reais do hospital. Hoje, 95% dos atendimentos da Santa Casa são via SUS”, afirmou.
O relator da comissão, vereador Vinicius Amoroso, reforçou a necessidade de identificar as causas estruturais dos problemas. “Está claro que os membros dos conselhos administrativo e fiscal não têm real percepção da gestão. Eles se limitam ao que é repassado pela diretoria executiva. A gestão da Santa Casa é colegiada e precisa ser tratada como tal. Estamos comprometidos em concluir os trabalhos no prazo, mas, se necessário, vamos pedir prorrogação. Precisamos entender onde está a falha: é administrativa? Financeira? Jurídica? O que falta para equilibrar a Santa Casa?”, questionou.
Fonte: Da Redação