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Mulheres ‘invadem’ mercado das entregas rápidas em Rondonópolis por dar menos prejuízo

Empresário de sucesso no ramo da Auto Peça em Rondonópolis, Isaías Duarte de Souza comentou nesta semana à reportagem do Folha que concluiu em seu planejamento interno de gerenciamento: as mulheres são mais atentas que os homens quando o assunto é fazer a entrega de seus produtos com motocicletas. Prova disso, segundo Isaías, é o quase nulo índice de envolvimento das cinco funcionárias que têm na função em acidentes pelas ruas, coisa que não dá para dizer no caso dos motoboys. Esta e outras características observadas pelo empresário, tem feito crescer o número de motogirls na cidade.
Isaías comentou, por exemplo, que esta realidade de ter mulheres na função de entregar não era presente em um passado próximo de sua empresa. “Esta coisa de mulheres foi de um tempo para cá. Elas realmente dão menos problema, mas tudo tem sua parte boa e sua parte ruim. Os homens também têm suas vantagens por um lado e suas desvantagens por outros”, comentou o homem de negócios que comprova suas palavras com a quantidade dividida por igual de entregadores. Com 10 na empresa, a divisão entre homens e mulheres é totalmente igual, são cinco de cada sexo atualmente contratados.
Millani Cleici da Silva, de 26 anos, é a mais recente funcionária contratada por Isaías. Entrou na última semana no serviço de entregas e falou sobre como é a saudável disputa com os homens não só dentro do serviço, mas nas ruas na busca pelos raros metros de asfalto livre em horários de pico em Rondonópolis. “Os carros fecham motoqueiro mesmo, não tem jeito. Quanto ao caso dos homens, eles sempre vão achar que fazem as coisas melhor, seja na entrega ou em qualquer setor. A própria presidente Dilma teve que provar a capacidade porque tiveram dúvida dela, então é normal”, comentou. A jovem ainda traçou o perfil da mulher que está invadindo o mercado de trabalho em setores antes dominados pelos homens, como o seu. “A mulher competitiva e guerreira está ganhando espaço”, analisou.
Para ouvir os depoimentos das colegas de Millani e homenagear as mulheres da cidade, em tempos em que o início do mês de março é lembrado com a data do dia 8 com o ‘Dia Internacional da Mulher’, a reportagem do Folha falou com outras ‘guerreiras da entrega’. Uma das veteranas do assunto é Maria de Fátima Alves Pereira, que aos 33 anos já atua desde os 30 na área da entrega com moto. “Procuro ter o máximo de cuidado possível. Acho que consegui, porque até hoje nunca me envolvi em nenhum acidente, graças a Deus”, comemora. Maria resume bem a realidade das ruas para uma motogirl. “Não é um problema de sermos mulheres. Os homens nos respeitam, quem não respeita é o próprio trânsito”, criticou.
Rosângela Rodrigues, de 39 anos, é um caso a parte na empresa de Isaías. Ela completará quatro anos de casa no próximo mês de maio. Através de consulta no SINE de Rondonópolis, ela topou entrar como entregadora, coisa que nunca tinha feito, e foi promovida a condição de responsável pelo estoque. Agora, na parte administrativa da empresa, ela classifica a força de vontade e a capacidade de adaptação das mulheres como as principais características que as têm feito crescer no mercado de trabalho. “Tem que correr atrás, sem força de vontade não tem jeito. Quando eu entrei aqui não conhecia nada, não sabia marca, nome de nenhuma peça. O Isaías foi me falando, eu fui aprendendo, me dedicando e assim aconteceu. Acho que são raros os homens que têm coragem de encarar um serviço tido como de mulher. Quando é ao contrário, acho que a mulher consegue se moldar melhor e sempre dá conta”, frisou a trabalhadora, que além de estoque dá uma mão no telefone, caixa e no que for preciso na empresa.
Sérgio Gomes atua no Caixa da Empresa e comenta com bom humor que a presença feminina na empresa gera alguns atritos, mas garante que a rivalidade entre homens e mulheres é saudável e que não há registros de guerra entre os sexos. “Aqui é igual marido e mulher. A gente briga, mas no fim se entende e acaba tudo certo”, brincou.
Hevandro Soares

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