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quinta-feira, maio 9, 2024

Genival Pio de Lima – Das atividades no comércio, andarilho pelo Brasil e exterior a pastor evangélico e professor de Libras

Natural de Ituiutaba Minas Gerais, um cidadão íntegro e exemplar, caminhou pela vida, passando por momentos difíceis e inusitados e assim ganhou experiência, que nos dias de hoje o transformou num ser humano brilhante e querido por toda a sociedade rondonopolitana. Vamos conhecer um pouco mais de sua trajetória de vida que certamente nos elevará.

Jornal Folha Regional: Como foi a sua infância em Ituiutaba?

Genival: Não foi aquela infância das mil maravilhas, mas eu consegui aproveitar tudo o que Deus me deu, e assim eu vive. A família teve  períodos de preocupação, sofrimento e alegria como todas tem, o meu pai Tomas Joaquim de Lima trabalhava fora, em uma construtora no setor da fundação na empresa  Estaca Frank, a mesma empresa que fez a Basílica de Nsa. Aparecida. Os maiores prédios do Brasil tiveram a mão do meu pai em suas fundações, apesar de analfabeto tinha um conhecimento muito especial no setor da construção civil.  Ele ficava dois ou três meses ausente da família, foi um grande exemplo para todos nós. Minha mãe Maria Antônia de Lima cuidava do lar, eu e meus irmãos tivemos que trabalhar com pouca idade cuidando de porcos, limpando quintais e cuidando de idosos na praça da cidade. 

JFR: Qual o fato mais marcante na infância que você até hoje se lembra?

Genival: Um fato marcante e inesquecível  na minha infância é quando eu e meus irmãos juntávamos milho nas portas das máquinas limpadoras do produto para a mamãe fazer fubá, e desta forma conseguíamos nos alimentar. A nossa luta pela sobrevivência realmente foi muito intensa,  todos nós sempre fomos dedicados ao trabalho. Nós somos em 10  irmãos José Abdo, Manuel Gerônimo, Jozelita, Coracy conhecida jornalista, José Mario, Antônio Olímpio que todo mundo conhece proprietário do Escapamento Tarumã, o Ginovan,  Marcelino e José Divino e eu Genival.

JFR: Como foi a sua trajetória educacional a partir da infância em Ituiutaba?

Genival: Nós tivemos algumas dificuldades no setor da educação durante a minha infância, mamãe era analfabeta, o papai também. Mas graças a Deus eles nos colocaram na escola por nome Educandário, mesmo assim a necessidade de trabalhar para sobrevivermos naquela ocasião era maior que tudo,  assim eu estudei muito pouco na fase dos primeiros anos escolares. 

JFR: Quais os motivos da mudança dos seus familiares para a nossa cidade de Rondonópolis?

Genival: A iniciativa foi de minha mãe, que tinha “um espirito cigano” ela  foi visitar primeiramente a minha tia que morava na cidade de Pedra Preta. O objetivo da minha mãe era também visitar a mãe dela, ou seja a minha avó que morava com o meu tio Henrique aqui em Rondonópolis. E assim foi feito, mas dois dias depois minha mãe já estava em Uberlândia e o meu pai saindo de São Paulo. Minha mãe ficou entusiasmada com Rondonópolis e de pronto tomou a decisão de se mudar com a família. Ela disse, eu já estou fazendo as malas, nos vamos embora para Rondonópolis. Eu vi que lá é uma cidade muito importante para todos nós, é uma cidade promissora. E assim nós saímos de Minas viemos residir aqui em Rondonópolis primeiramente na Av. Mal. Dutra nos fundos do Estádio Luthero Lopes onde era uma academia. Ao lado tinha uma casa com dois cômodos bem grandes, e a partir de então todos nós até hoje somos felizes por residir nesta cidade. Eu acredito que Rondonópolis ainda tem muito a oferecer a quem quiser vir para cá.

JFR: Quando você chegou a Rondonópolis qual foi a sua prioridade?

Genival: A minha prioridade e a de todos os irmãos era o trabalho, eu trabalhei aqui com o Tião do Gás, nas Casas Buri onde eu conheci a minha namorada, hoje minha esposa, Rosemeire Prado Aguiar de Lima.  Nós casamos em 1985 dessa feliz união temos uma filha temos uma filha a Flávia Franciele Aguiar, mas infelizmente eu não pude acompanhar a criação da minha filha.

JFR: Quais foram os momentos mais críticos e difíceis na sua vida e os melhores?

Genival: No período em que a minha filha tinha nascido eu resolvi sair pelo mundo, desisti do casamento, desisti do trabalho, eu fui embora virei andarilho. Nessas “viagens” que eu fiz eu posso dizer que as experiências foram muito duras e me trouxeram um grande aprendizado. Os melhores momentos da minha vida foi em 1999 para 2000 quando eu voltei para a família para a minha filha Flávia, para a minha esposa Rosemeire. Hoje tenho dois netos maravilhosos, o meu maior aprendizado foi respeitar, amar e ser honesto com todas as pessoas que chegarem até a mim. Isso eu aprendi durante os meus 13 anos de vida andando pelo mundo, momento em que conheci todo o território nacional. Estive na Argentina, Paraguai, Uruguai, passei 7 meses com os índios na Amazônia. Conheci também todas as praias do nordeste do Rio Grande do Sul a São Luiz do Maranhão, onde eu chegava quebrado e começava a vender picolé e em 10 minutos estava com 500 a 600 reais no bolso. Momento em que eu pude apresentar minha esposa.

JFR: Como você conheceu o lado evangélico?

Genival:  Foi na Igreja do Reino de Deus Vivo onde eu morei, lá eu ajudei o Bispo Astúrio a montar com a minha mão de obra a Rádio  106 FM. Logo depois eu virei membro da igreja, comecei a pastorear pregando a palavra de Deus.  Depois da minha atuação na igreja  eu fui trabalhar na Papelaria do Contabilista, Deus foi tão misericordioso comigo, que eu consegui um emprego de vendedor através do querido e saudoso empresário Mathias Neves. Lá eu não fiquei durante muito tempo, fui mandado embora  era um período de uma grande crise econômica no país. 

JFR: Como foi trabalhar por conta própria?

Genival: Logo em seguida eu montei uma fundição de alumínio, com a inspiração de Deus eu comecei a produzir placas de alumínio, eu vendia plaquinhas de alumínio com endereçamento de casas, e quem me outorgou toda a documentação para que eu pudesse trabalhar foi o então prefeito naquela época Percival Muniz, ao qual eu devo esse grande favor. 

JFR: Como foi a sua entrada e atuação no campo da Linguagem da Libra?

Genival: Eu trabalhava na COMSER e lá eu ganhava muito pouco, R$ 600, 30  e pagava a faculdade da minha esposa que tinha uma mensalidade de mais de R$ 230,00. E nessa luta, ela decidiu fazer  o curso, dias depois ela chegou em casa com uma apostila eu vi que eu conhecia alguma coisa, era do Curso de Libras. Imediatamente eu disse a ela que já conheci  essa língua pois as pessoas que cuidavam de mim era um casal de surdos. Lá no Rio de Janeiro, quando eu estava em Niterói morando na rua, eu tinha mais de 170 amigos surdos, eram os companheiros de cachaça, e eu conversava com eles eu não sabia o nome dessa língua de sinais.  Partir de então eu fui para a sala de aula de Libras com a minha esposa, fiquei desapontado quando um professor me disse que eu não tinha condições de fazer esse curso. Esse momento foi crucial para que eu então me encorajasse e serviu de degrau pra que eu subisse. Em seguida encontrei uma professora que passou a me dar o curso na Igreja Santa Terezinha me disse você tem condições de passar no Pró Libras, vai que eu estou contigo. Mas ela foi comigo apenas na palavra eu não tinha dinheiro para ir a Cuiabá, mas Deus abençoou a cabeça de um cidadão que era presidente da Câmara naquela época Dr. Mohamed Zhaer, que me disse: “Meu irmão vai que eu banco a sua viagem e a sua estadia em Cuiabá,” ele pagou para mim e para a minha esposa. E eu acabei passando nos exames fui aprovado, mas eu não tinha toda a graduação escolar para ganhar melhor diante daquela função professor de Libras, e com a ajuda de Deus resolvi fazer Pedagogia.  Prestei vestibular passei fui estudar, hoje eu me sinto um homem  abençoado por Deus, a Libras mudou a minha vida essa profissão é um dom de Deus. Eu sempre comento com as pessoas, eu nunca imaginei em ter uma profissão tão grata como esta.

JFR: Desde já agradecemos a sua cordialidade e atenção, finalizamos com esta indagação: Qual é o seu maior sonho a sua maior pretensão na vida, e a quem você gostaria de agradecer,  deixe também uma breve mensagem  para os nossos jovens:

Genival: Poder cada dia mais favorecer essa comunidade surda, essa comunidade é que me dá o pão de cada dia. Eu atuo na Escola Ramiro Bernardes há 6 anos, fiquei uma boa temporada também na Escola Pindorama, Marechal Dutra, Maria Elza dentre outras. O projeto é trabalhar dentro das escolas do Município. Agradeço a Deus, a minha família, ao Dr. Mohamed Zaher e a toda a sociedade rondonopolitana. Espero que os nossos jovens acreditem cada vez mais neles mesmos e confiem em Deus.

 

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