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Fechamento de frigoríficos não deve atrapalhar o mercado da bovinocultura de corte, segundo especialistas

A baixa oferta de animais no mercado da bovinocultura mato-grossense nos últimos meses, com um volume de cabeças que reduziu 18%, culminou no fechamento de nove das 39 plantas frigoríficas instaladas no estado nos últimos 18 meses e colocou os pecuaristas em alerta.

O assunto foi discutido durante o painel “Cenário da Carne 2015 – Atualidades & Perspectivas”, que encerrou a Vitrine Agropec, na quarta-feira (12.08), em Rondonópolis. Para os especialistas, esta redução no número de unidades se deu de forma isolada, em regiões onde a concentração era maior, e não deve atrapalhar o mercado da pecuária de corte.

De acordo com o engenheiro agrônomo da Scot Consultoria, Alcides Torres, o mercado da bovinocultura de corte deve se manter aquecido nos últimos anos, porém o produtor deve manter a cautela em 2016. “Esta sazonalidade de preços é normal e acontece todos os anos nesta época, o que mudou na pecuária neste ano é que a oferta de animais está menor”, afirmou o analista.

Esta redução no volume de animais vem sendo sentida nos últimos anos. Em 2013, os produtores enviaram para o abate seis milhões de cabeças, em 2014 este número caiu para 5,5 milhões e neste ano deve fechar em 4,5 milhões.

O superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Otávio Celidonio, aponta que a capacidade total das plantas frigoríficas instaladas em Mato Grosso é de 35 mil abates ao dia, porém, a capacidade real, ou seja, o que realmente é abatido, é cerca de metade disso. Esta ociosidade obrigou os frigoríficos a fazerem ajustes e muitos acabaram por fechar as portas para evitar maiores prejuízos.

“De fato, o que está acontecendo é algo sistêmico, faz parte do ciclo da pecuária, e não tem influência no envio de animais para abate fora do Estado, que neste ano caiu de cerca de 5% para 3%, ou no envio de rebanho para engorda em outros estados. Também acreditamos que, embora a opção tenha diminuído, o fechamento das plantas não deve atrapalhar os produtores na hora de enviar animais para o abate”, explicou Celidonio.

Para o presidente do Sindicato Rural de Rondonópolis e organizador da Vitrine Agropec, Francisco de Castro, outra questão que preocupa e precisa ser debatida é a concentração de frigoríficos nas mãos de poucos grupos, o que afeta a negociação. “Uma das saídas que vejo seria fomentar a instalação de frigoríficos regionais, o que contribuiria para aumentar a competitividade e os preços pagos aos produtores”.

O vice-presidente do Sistema Famato/Senar, Normando Corral, lembrou que o fechamento era algo que precisou acontecer para equilibrar a demanda. Para ele, a questão da concentração das indústrias também preocupa. “São assuntos que já estamos discutindo há um tempo, pois sabemos que é algo que empaca o mercado e fere a competitividade”.

Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Frigoríficos de Mato Grosso (Sindifrigo), Luiz Antônio Freitas Martins, o fechamento das plantas impacta na cadeia como um todo. “Vejo que precisamos nos organizar como cadeia produtiva. Embora, para os produtores o impacto não seja tão sentido, na economia das cidades, e consequentemente do Estado, o impacto está sendo sentido”.

Outros fatores que também impactam nas operações dos frigoríficos e afetam os produtores são a carga tributária, a burocracia no sistema e a logística. “O governo estadual está trabalhando para fazer ajustes na legislação tributária do Estado, além de investir na melhoria das condições de logística e simplificar os processos em órgãos determinantes para o setor, como o Indea”, destacou o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Seneri Paludo.

VITRINE AGROPEC – A primeira edição da Vitrine Agropec se encerrou na quarta-feira (12.08), após três dias de negócios, amplos debates, palestras que atraíram um grande público para o Parque de Exposições Wilmar Peres de Farias. O resultado superou as expectativas do Sindicato Rural de Rondonópolis.

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