“Chuvinhas” ainda não permitem plantio em MT

As chuvas irregulares e de pequena intensidade que caíram sobre Mato Grosso nos últimos dias ainda não permitem o plantio em larga escala de soja em Mato Grosso. Poucos produtores se arriscaram até agora a plantar soja no Estado e correm o risco de perder as sementes.
“As condições climáticas ainda não permitem o plantio. Tivemos chuvinhas intercaladas que, somadas, não chegam a 60 mm. É muito pouco e quem iniciar o plantio pode ter prejuízos”, diz o presidente do Sindicato Rural de Tapurah (433 Km ao Médio Norte de Cuiabá), Marusan Ferreira.
Ele lembrou que em 2009, nesta mesma época do ano, os produtores já tinham semeado 15% da área do município. Marusan diz ter informações de que apenas um produtor da região começou a plantar soja. O município deverá repetir a área plantada do ano passado, 125 mil hectares.
O engenheiro agrônomo da Embrapa Cerrados, Sebastião Pedro, explica que a hora certa de semear é aquela indicada pelo zoneamento agroclimático da região. "Cada espécie tem sua melhor época de plantio já definida pela pesquisa agropecuária e é indicada pelo serviço de zoneamento agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)".
Os pesquisadores acreditam que a maioria das regiões continuará com o plantio atrasado em função das chuvas tardias durante a primavera. “O produtor deve fazer um bom planejamento da safra de soja, com um eficiente manejo do solo, escolha correta das cultivares, tratamento de sementes e uso correto de insumos. Todo cuidado é pouco neste momento em que se fazem previsões sombrias ante o La Niña”, afirmam.
ORIENTAÇÕES – A preocupação com o fenômeno La Niña é tão grande que o Mapa constituiu uma comissão de cientistas para orientar os produtores sobre mudança de época para plantio das safras futuras, principalmente de alimentos como soja, milho, arroz e feijão. A intenção é evitar perdas causadas pelas condições climáticas, em especial a falta de chuvas para as culturas mais dependentes de umidade.
Em texto publicado no Sistema de Alerta, pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) orientam produtores a reduzir perdas em soja, em decorrência desse fenômeno climático. O texto reúne algumas orientações técnicas como definição de época de semeadura de soja, escolha de cultivares, manejo de pragas e doenças, além dos benefícios do tratamento de sementes com fungicidas.
Segundo a pesquisadora da Embrapa Soja, Divânia de Lima, para minimizar os riscos de perda de produtividade os produtores podem adotar práticas como o escalonamento de épocas de semeadura, aliada a utilização de cultivares de diferentes ciclos de maturação.
“Não se pode plantar toda a área num determinado período de um, dois ou três dias. É procurar fazer este plantio num intervalo entre oito e dez dias e utilizar, sempre que possível, cultivares de ciclos diferentes. São materiais de ciclo precoce, semiprecoce e até de ciclo médio”, explica.
De acordo com o agrônomo Gustavo Schnaider, escalonar a plantação ajuda o produtor a fugir da estiagem. "O produtor que adotou o escalonamento tende a sofrer menos problemas do que aquele que plantou tudo de uma vez". Escalonar é plantar uma determinada cultura em diversas épocas. “Caso haja algum problema, o próximo plantio vai reduzir os prejuízos anteriores”, diz.
Na opinião da pesquisadora Divânia de Lima, utilizando essas práticas o produtor terá num mesmo período lavouras em diferentes estágios de desenvolvimento, evitando assim que o déficit hídrico atinja toda a lavoura em fases críticas de desenvolvimento, como por exemplo, no enchimento de grãos.
Fonte:APROSOJA (Diário de Cuiabá)