JN desmente fakenews sobre pesquisas e publicitário admite que foi pago para ir ao "cercadinho"

O Jornal Nacional desmentiu nesta segunda (19) os vídeos com trechos adulterados que apontavam Jair Bolsonaro (PL) à frente de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas de intenção de voto. William Bonner também criticou o desprezo do presidente diante dos levantamentos e as declarações de que ele não aceitará outro resultado senão o da vitória dele no primeiro turno. "Levantar suspeitas sobre a Justiça Eleitoral é uma afronta à democracia brasileira e deve ser denunciado", disse.
Renata Vasconcellos alertou os telespectadores para as deep fakes, tecnologia que usa inteligência artificial para manipular imagens em movimento.
"Entre outras coisas, ela permite adulterar o movimento dos lábios de alguém e transplantar um trecho de uma fala de um determinado ponto para outro mudando completamente o conteúdo de uma notícia, por exemplo", explicou.
Em seguida, a Globo exibiu alguns vídeos em que o conteúdo do jornal foi alterado para dar vantagem a Bolsonaro. Renata frisou que eles foram compartilhados massivamente na internet para desmerecer as pesquisas e desinformar os eleitores. "Alguns dos mais compartilhados exibem áudio e vídeo adulterado para afirmar que o candidato à reeleição Jair Bolsonaro estaria à frente na pesquisa de intenção de voto do Ipec, o que é falso. A pesquisa mostrou o oposto do adulterado", acrescentou a âncora.
"Desde 15 de agosto até hoje, as pesquisas do Ipec e do DataFolha apresentadas aqui no JN mostraram o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, como o que tem a maior intenção de voto. Em todas elas, Bolsonaro apareceu em segundo lugar", arrematou Bonner.
Em seguida, Bonner ressaltou que a divulgação dos vídeos coincidiram com declarações públicas de Bolsonaro sobre não aceitar o resultado das urnas. “A distribuição desses vídeos falsos coincidiu com declarações públicas do candidato Bolsonaro em que despreza as pesquisas eleitorais dos institutos Ipec e DataFolha, afirmando sem nenhuma base nos fatos que qualquer resultado das urnas que não seja a vitória dele em primeiro turno significará que algo errado terá ocorrido no TSE. Levantar suspeitas sobre a Justiça Eleitoral é uma afronta à democracia brasileira e deve ser denunciado”, afirmou.
Confira abaixo trecho do alerta divulgado na edição de ontem do Jornal Nacional.
CERCADINHO
A edição de vídeos falsos não é a única arma usada pelos bolsonaristas para confundir os brasileiros. Na edição de hoje o jornal Folha de São Paulo comprova que também há manipulação nas conversas que o presidente costuma ter com apoiadores no que se convencionou chamar de ‘cercadinho’, em Brasília. Um publicitário admitiu ter recebido dinheiro para fazer uma pergunta pré-combinada ao presidente.
O caso ocorreu em 13 de abril de 2020, no início da pandemia. O publicitário perguntou ao presidente se ele tinha visto uma entrevista do então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ao Fantástico, da TV Globo. De pronto, Bolsonaro respondeu que não assiste à Globo.
A cena, gravada por auxiliares do presidente e que viralizou nas redes, foi previamente combinada entre o governo federal e o site bolsonarista Foco do Brasil, afirma o publicitário Roberto Viana. Ele diz que recebeu R$ 1.100 e que foi orientado a se comportar como um apoiador de Bolsonaro.
Como provas, o publicitário tem, além da gravação da pergunta, cópias de mensagens enviadas pelo dono do site bolsonarista e também do depósito do dinheiro.
No episódio desta terça-feira (20), o Café da Manhã conversa com os repórteres da Folha Gabriela Biló e Ranier Bragon sobre esse caso, divulga trechos da entrevista com Viana e analisa o papel dos canais bolsonaristas na comunicação do governo.
Da Redação



