Lula e Alckmin dizem que a voz do povo é a voz de Deus

O pré-candidato a presidência Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu nesta sexta-feira (27) com representantes dos movimentos sociais e populares. No evento, em São Paulo, ele comentou a mais recente pesquisa Datafolha, que sinaliza para a possibilidade de sua vitória no primeiro turno. “Imagino que o Bolsonaro não dormiu ontem à noite.” E mandou um recado para o atual ocupante do Palácio do Planalto: “Ele vive dizendo que só Deus vai tirar ele de lá. Quero que ele saiba que o povo é a voz de Deus, e vai tirar ele de lá”.
O ex-presidente afirmou, no entanto, que Bolsonaro não é um adversário fraco, porque o seu comportamento não é “democrático”. Nesse sentido, ele alertou aos seus apoiadores a se preparar. “Não tem descanso. A gente vai ter que trabalhar nas redes sociais, nos movimentos sociais, no bairro que a gente mora, no local de trabalho, na igreja que a gente frequenta. A gente não vai poder parar.”
Das mãos do coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, e de Nalu Faria, da Marcha Mundial das Mulheres, Lula recebeu o documento Superar a Crise e Reconstruir o Brasil. Divididas em 10 eixos temáticos, são propostas que vão da redução das desigualdades sociais e econômicas às relações internacionais, passando por emprego, segurança, meio ambiente e democracia.
Lula disse que os movimentos sociais estão com “sede de democracia e de participação”. Além disso, afirmou que é preciso “parar de dizer não” para a classe ao povo trabalhador. “É preciso parar de dizer não a eles e sim aos banqueiros, aos empresários, É preciso inverter. Ao invés de ficar discutindo responsabilidade fiscal para garantir dinheiro aos banqueiros, temos que discutir responsabilidade social para pagar a dívida com o povo trabalhador desse país”.
ALCKMIN
O ex-governador de São Paulo e pré-candidato a vice presidente, Geraldo Alckmin, também falou sobre o assunto. Segundo ele Bolsonaro sabe que não merece outro mandato. “Não é que Bolsonaro não confia na urna eletrônica. Ele não confia no voto dos brasileiros, porque ele sabe que não merece um outro mandato”.
Alckmin afirmou que é hora de dar um basta ao atual cenário de sofrimento, à violência, ao desemprego. Também criticou o “negacionismo” de Bolsonaro durante a pandemia. E que, se eleitos, ele e Lula darão “voz e vez” aos movimentos sociais.
“Já foi dito que nada segura a ideia a que chegou no seu tempo. Chegou o tempo do salário mínimo valorizado, da saúde melhor. Chegou o tempo da esperança, chegou o tempo de Lula presidente”, disse Alckmin.
CASO GENIVALDO
Um dos momentos mais marcantes do encontro foi quando Simone Nascimento, da coordenação nacional do Movimento Negro Unificado (MNU), fez uma homenagem a Genivaldo de Jesus Santos, homem negro que morreu asfixiados por gás no porta-malas de uma viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Umbaúba, sul de Sergipe, na última quarta-feira (25). “Ergo esse cartaz que pede justiça por Genivaldo, e peço um minuto de silêncio”.
Simone afirmou que os movimentos populares estão resistindo “a essa barbárie no nosso país”. “Além de Genivaldo, pelo menos 23 pessoas foram vítimas de uma operação na Vila Cruzeiro. Estamos aqui para denunciar esse projeto de genocídio em curso no nosso país, que ganha mais espaço para violar os nossos corpos no governo Bolsonaro. Em maio, no mês da abolição inconclusa, é necessário afirmar que a gente vive racismo há mais de 520 anos nesse país”.
Nesse sentido, a ativista afirmou que será necessário rever a atual política de drogas do país, que resulta no encarceramento em massa e no genocídio da população negra. Assim, também clamou por mudanças nas políticas de segurança, como um todo, que vitimam principalmente aqueles que tem “pele-alvo”, os negros.
Da Redação (com informações da RBA)




