Novo presidente da Petrobrás toma posse e defende preços atrelados ao mercado internacional

O novo presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho tomou posse nesta quarta-feira (14) e anunciou que nada deve mudar na política de paridade de preços ao mercado internacional, apontada como a principal causa do aumento dos combustíveis. José Mauro substitui o general Joaquim Silva e Luna, que foi demitido há cerca de duas semanas pelo presidente Jair Bolsonaro.
Esta foi a segunda troca de chefia da Petrobras durante o governo Bolsonaro. A primeira foi em fevereiro do ano passado, quando o presidente interferiu na empresa para tirar Roberto Castello Branco do cargo. Nos dois casos Bolsonaro havia se queixado da falta de iniciativa dos titulares para mudar a política de preços e conter os aumentos sucessivos – que tem levado a inflação a níveis recordes.
Coelho já havia sido aprovado ontem pela assembleia-geral de acionistas da Petrobras para integrar o conselho da petrolífera. Esse era um requisito para que chegasse à presidência da estatal. Além dele, o governo, maior acionista da Petrobras, emplacou no conselho os nomes de Sonia Julia Sulzbeck Villalobos, Luiz Henrique Caroli, Ruy Flaks Schneider, Murilo Marroquim e Márcio Weber. Weber também foi eleito presidente do conselho, após a desistência de Rodolfo Landim, presidente do Flamengo.
Já os minoritários elegeram José João Abdalla Filho, Francisco Petros, Marcelo Mesquita e Marcelo Gasparino.
Também foi aprovado ontem o resultado financeiro da companhia em 2021, quando a empresa lucrou R$ 106 bilhões, e distribuição de dividendos complementares no valor de R$ 37,32 bilhões —o correspondente a R$ 2,86 por ação preferencial e ordinária em circulação, a serem pagos em maio.
SEM MUDANÇA
José Mauro foi claro ao defender a política de preços da Petrobras, que vincula os preços dos combustíveis às cotações do dólar e do petróleo no mercado internacional. Em outubro do ano passado, pouco antes de deixar o cargo de secretário do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, ele já havia dito à Agência Brasil que a alta dos combustíveis não é um fenômeno brasileiro, mas uma onda que pegou o mundo todo na retomada da economia após o auge da pandemia do covid-19.
De acordo com ele, o Brasil precisa acompanhar os preços externos para garantir o abastecimento, já que não refina todo o combustível consumido.
"Nós temos que ter os preços do mercado doméstico relacionados à paridade de preços de importação (PPI), porque se assim não fosse, não teria nenhum agente econômico com aptidão ou vontade de trazer derivados para o mercado doméstico e poderia ter desabastecimento no país", disse na ocasião.
Servidor público por 14 anos, Coelho ocupou a presidência do conselho de administração da PPSA (Pré-Sal Petróleo S.A), estatal criada em 2013, durante o governo de Dilma Rousseff, para atuar na área do pré-sal.
Graduado em química industrial, ele tem mestrado em ciências de materiais e doutorado em planejamento energético. Em outubro do ano passado, pediu demissão do cargo de secretário de Petróleo, Gás e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia.
Desde então, cumpria quarentena, como é chamado o período em que um ex-servidor de alto cargo na administração público deve esperar antes de ir para a iniciativa privada. Ele é considerado próximo do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.