Não ajuda, mas também não atrapalha

A Comissão Especial de Inquérito (CEI), instaurada pela Câmara de Vereadores de Rondonópolis para apurar a situação da Santa Casa, será fundamental para esclarecer o que realmente acontece com a unidade de saúde, que ano após ano se afunda em uma crise aparentemente sem precedentes.
É importante destacar que este veículo defende a Santa Casa e entende que a cidade precisa do hospital em pleno funcionamento, sob pena de enfrentarmos um verdadeiro colapso na rede de atendimento.
Nos últimos dias, por exemplo, assistimos à mobilização dos médicos da Santa Casa em um movimento de paralisação motivado pelos constantes atrasos nos pagamentos — uma prática que, infelizmente, se tornou rotina nas últimas décadas.
Sabemos que boa parte do problema é de ordem técnica. Por ser um hospital filantrópico, a Santa Casa opera com uma tabela de repasses abaixo dos valores normalmente praticados no Sistema Único de Saúde (SUS), acumulando prejuízos diários. Gasta-se mais para realizar um atendimento do que se recebe por ele, alimentando um ciclo de déficit permanente — uma verdadeira “bola de neve”.
Diante disso, é urgente a união da classe política para pressionar os governos e buscar um novo modelo de financiamento que permita, ao menos, o equilíbrio entre os recursos recebidos e os custos operacionais da unidade.
Quanto à CEI, é essencial que ela não acabe em impunidade. Precisa apurar com seriedade todas as denúncias que surgirem. Mas, ao mesmo tempo, é necessário preservar a instituição Santa Casa. As eventuais irregularidades devem ser atribuídas a pessoas, e não à entidade em si.
Esse é apenas um dos caminhos que precisam ser trilhados. Não queremos que a CEI termine em “pizza”, mas também não podemos permitir que ela se transforme em palco de injustiças.
A CEI tem o dever de esclarecer o que de fato ocorre dentro do hospital — e, mais do que isso, de contribuir com soluções para os problemas que comprometem a qualidade do atendimento.
Se a Comissão ao menos conseguir identificar e ajudar a resolver esses entraves, já será possível dizer que parte do caminho foi percorrido.
Como diziam nossos avós: *“Se não for para ajudar, ao menos que não atrapalhe.”*
Fonte: Da Redação