ECONOMIA

Paralisação do Frialto derruba preços do boi em Mato Grosso

A paralisação do abate nas unidades do Grupo Frialto e o anúncio do pedido de recuperação judicial contribuíram para derrubar os preços do boi gordo em Mato Grosso. Na região norte, onde estão localizadas as indústrias do Frialto, os preços que estavam em R$ 72/arroba na última sexta-feira recuaram para R$ 70, segundo levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). O diretor superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, diz que por enquanto é impossível quantificar o número de criadores e o montante de recursos que envolvem a recuperação judicial do Frialto.
Vacari criticou a concentração do crédito oficial, concedido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), nos grandes grupos frigoríficos, em detrimento das pequenas e médias empresas. Segundo ele, indiretamente o governo induz a concentração do setor. Ele diz que os criadores torcem pela retomada das atividades pelo Frialto, pois temem que os desdobramentos levem a uma concentração ainda maior do setor nas mãos do Marfrig e do JBS.
O presidente da Associação dos Criadores do Vale do Arinos (que engloba municípios do norte de Mato Grosso), Fernando Conte, disse à Agência Estado que o impacto da recuperação judicial do Frialto será grande na região, muito superior aos casos do Independência e do Quatro Marcos. Segundo ele, o Frialto respondia por 40% dos abates na região e, agora, os criadores do Vale do Arinos só têm como opção o JBS e o frigorífico Pantanal, que com a maior oferta de gado dos últimos dias alongaram suas escalas e reduziram as propostas de preços.
O Grupo Frialto, sediado em Sinop, iniciou suas atividades no ramo em 1996 com a construção de um frigorífico no município. Em 2000, foi inaugurada a segunda unidade em Matupá (MT). Em 2004, adquiriu metade de uma unidade em Nova Canaã (MT). O endividamento do grupo começou em 2007, com a construção de uma quarta unidade em Ji-Paraná (RO), considerada "uma das maiores e mais modernas da América do Sul, com capacidade projetada de 2.500 animais/dia".
Neste mesmo ano adquiriu outra unidade em Sorriso (MT), com capacidade de abate de 500 animais/dia. Também em 2007 iniciou a construção da unidade de Tabaporã (MT) e outra em Itaberaí (GO). Em 2008, adquiriu mais uma unidade em Iguatemi (MS) e inaugurou um centro de distribuição em Jundiaí (SP). Recentemente a empresa também investiu em unidades de confinamento de gado em Sinop, com capacidade para 40 mil animais/ano, e em Matupá, com capacidade de 20 mil animais/ano.
As cinco unidades que estão em funcionamento – Tabaporã e Itaberaí ainda não foram concluídas – têm capacidade instalada para abate de 4.040 cabeças/dia. A empresa está habilitada para exportar produtos para toda Europa e possui em sua lista mais de 20 outros países compradores, como Hong Kong, Egito, Kuwait, Rússia, Ucrânia, Líbano, Vietnã, Montenegro, Gana, Emirados Árabes, Moldova, Cingapura, Peru, Venezuela, Casaquistão, Palestina, Líbia, Gabão, Bahrein, Argélia, Irã, Abidjan e Luanda.

Fonte:Agência Estado

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