Senadora do PT abre fogo contra seu próprio partido

senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) vive uma situação inusitada entre os 54 senadores cujos mandatos terminam em fevereiro de 2011. É a única que não concorrerá à reeleição por decisão do próprio partido. Primeira mulher a conquistar uma vaga no Senado por Mato Grosso, em 2002, Serys acusa o presidente regional do partido, o deputado Carlos Abicalil, de traição, deslealdade e oportunismo e de ter se apropriado da legenda no estado. A petista também ataca o comando nacional do PT, que, segundo ela, foi conivente com Abicalil na “cassação” de sua candidatura à reeleição.
A direção nacional do PT determinou a realização de prévias entre os dois parlamentares depois que o deputado e a senadora não chegaram a um acordo sobre quem seria o candidato do partido ao Senado. Por tradição, as legendas costumam dar prioridade à candidatura dos senadores em final de mandato. No final de abril, Abicalil venceu a disputa interna com uma vantagem de aproximadamente 300 votos. Desde então, Serys contesta o resultado das prévias na Justiça. O grupo ligado à senadora reclama que houve uma série de irregularidades no processo eleitoral.
Nesta entrevista exclusiva ao Congresso em Foco, Serys não cita uma vez sequer o nome do colega de bancada, diz que não votará nele para senador e o aponta como grande empecilho para que ela aceite o convite feito pelo governador Silval Barbosa (PMDB) para ser seu vice nas eleições de outubro.
“Você vota em traidor? Eu não voto em traidor”, dispara a petista. “É muito difícil, para mim, subir no palanque ao lado de um traidor, uma pessoa que puxou meu tapete, cassou meu mandato. Hoje, sou grande vítima de um algoz, que se apoderou do partido, falou ‘agora eu é que mando, eu que decido, eu que sou, e ponto’, e que me jogou para fora”, protesta a senadora.
Na entrevista, a senadora também explica por que foi a única integrante da Mesa Diretora do Senado a votar contra o plano de carreira dos servidores. Para ela, o plano tem várias irregularidades e premia especialmente os funcionários que já têm vencimentos mais altos.
Pedagoga, advogada e professora aposentada da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Serys admite voltar à sala de aula após concluir seu mandato, mas descarta deixar o PT. Coordenadora da bancada feminina no Congresso, ela é a atual segunda-vice-presidente do Senado.
Gaúcha radicada em Mato Grosso desde 1966, a petista é ligada à tendência Mensagem ao Partido, liderada pelo ex-ministro Tarso Genro e os deputados José Eduardo Cardozo (SP) e Henrique Fontana (RS). A senadora diz estar preocupada com a predominância do antigo Campo Majoritário (tendência rebatizada de Construindo um novo Brasil), do qual Abicalil faz parte, nos rumos do PT.
Procurado pelo Congresso em Foco, o deputado Carlos Abicalil disse que só se pronunciaria depois da publicação da entrevista com Serys.
Fonte:Congreso em foco( Edson Sardinha)