Preço das passagens aéreas em Mato Grosso dispara

O preço das passagens aéreas em Mato Grosso voltou a chamar atenção após novos dados divulgados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) reforçarem uma realidade conhecida por quem depende do transporte aéreo no estado: voar por aqui custa mais caro e não é pouco. Segundo o levantamento mais recente, passageiros que embarcam nos aeroportos mato-grossenses pagam, em média, 15,16% a mais que usuários do restante do país, uma diferença que se repete ano após ano e revela não apenas um desafio econômico, mas também estrutural.
Em outubro de 2025, enquanto a tarifa aérea real média nacional, corrigida pelo IPCA, ficou em R$ 630,33, a média de Mato Grosso alcançou R$ 725,90, um salto de quase R$ 100 por bilhete. Na prática, isso significa que famílias, empresários e turistas que viajam com frequência partindo do estado enfrentam um impacto financeiro maior e, ao mesmo tempo, convivem com menor oferta de voos, trechos longos e, muitas vezes, serviços abaixo do esperado.
Quando observamos o contexto nacional, a formação do preço das passagens aéreas no Brasil segue um modelo de liberdade tarifária que vigora desde 2001. Isso significa que as companhias têm autonomia para definir valores conforme oferta, demanda e custos operacionais. No entanto, mesmo dentro desse sistema, algumas regiões apresentam preços consistentemente mais altos e Mato Grosso está entre elas.
O estado, localizado no Centro-Oeste, possui características logísticas particulares: grandes distâncias, menor concentração populacional e menor número de voos regulares quando comparado aos principais centros urbanos. Esses fatores encarecem operações aéreas e reduzem a competitividade. O painel tarifário da Anac confirma a tendência ao mostrar que, historicamente, regiões Norte e Centro-Oeste apresentam tarifas superiores à média nacional.
Além disso, a malha aérea mato-grossense depende fortemente de conexões, o que aumenta quilômetros voados e, por consequência, os valores cobrados. A isso se somam custos como manutenção, pessoal, infraestrutura aeroportuária e preço do querosene de aviação (QAV) um dos maiores vilões da aviação comercial. Tudo isso compõe um cenário complexo no qual Mato Grosso mantém os valores mais elevados do país.
Os números divulgados pela Anac em outubro de 2025 mostram com clareza o tamanho da diferença entre Mato Grosso e o restante do país. Enquanto a tarifa real média nacional ficou em R$ 630,33, o preço médio praticado no estado atingiu R$ 725,90, refletindo uma diferença de 15,16%.
Quando analisamos as três maiores companhias aéreas, o cenário se torna ainda mais evidente. No Brasil, a tarifa média entre Azul, GOL e Latam foi de R$ 720,36. Já em Mato Grosso, esses mesmos operadores praticaram valores superiores: R$ 807,26 (Azul), R$ 858,40 (GOL) e R$ 884,07 (Latam). É um salto expressivo, especialmente para quem depende de rotas frequentes.
Outro indicador essencial é o yield real a relação entre a receita e o quilômetro voado. No país, ele ficou em R$ 0,4975/km, enquanto em Mato Grosso subiu para R$ 0,5154/km. Na prática, isso revela que cada quilômetro voado por um passageiro mato-grossense custa mais, reforçando o peso financeiro para quem utiliza os serviços.
Quando olhamos para o futuro, o preço das passagens aéreas em Mato Grosso tende a continuar oscilando conforme fatores como oferta de voos, demanda regional, variação do preço do QAV e política de expansão da malha aérea das companhias. Entretanto, há expectativas positivas que podem influenciar o cenário nos próximos anos.
Espera-se que o crescimento econômico do estado estimule o interesse de novas empresas aéreas e ampliação das rotas existentes, aumentando a competição e, possivelmente, reduzindo tarifas. Investimentos em infraestrutura aeroportuária também podem gerar impactos diretos na redução de custos operacionais.
Outra tendência importante é a modernização da frota das companhias, com aeronaves mais eficientes e econômicas, capazes de reduzir consumo de combustível e impactar diretamente o valor final das passagens.
Os dados recentes confirmam que o preço das passagens aéreas em Mato Grosso permanece entre os mais altos do país, influenciado por fatores estruturais, operacionais e de demanda. Ao mesmo tempo, passageiros seguem enfrentando desafios como atrasos, cancelamentos e problemas de atendimento. Apesar disso, existem caminhos possíveis para melhorar o cenário desde maior competitividade no mercado até investimentos em infraestrutura e tecnologia. Entender os motivos por trás dessas tarifas é o primeiro passo para exigir melhorias e buscar alternativas mais vantajosas.
Fonte: Da Redação



