Juiz nega mordomia a presos ilustres e não permite ar-condicionado em celas

Sem regalias. A decisão é do juiz Geraldo Fidelis, da Segunda Vara de Execuções Penais de Cuiabá, ao pedido feito pelos prisioneiros mais famosos da Capital Mato-grossense, liderados pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB), que estão encarcerados no Centro de Custódia de Cuiabá. O ex-governador e 20 companheiros de prisão queriam a instalação de aparelhos de ar condicionados em suas celas. Vão ter de se contentar mesmo com os pequenos ventiladores que conseguiram. Mordomia está descartada.
A decisão do juiz Geraldo Fidelis ao pedido dos ilustres prisioneiros foi confirmada na manhã desta sexta-feira, quando o juiz, sem despacho determinou apenas a instalação de exautores nas celas.
Os réus, liderados por Silval Barbosa, seus ex-secretários Pedro Nadaf, Casa Civil e Marcel Cursi, Fazenda e outros prisioneiros famosos alegavam que precisam de aparelhos de ar condicionados em suas celas devido ao forte calor de Cuiabá e, principalmente, nos recintos onde estão. Enfatizaram que o pedido seria “uma custódia com maior dignidade”. Eles até garantiram a compra dos aparelhos.
Ao negar o pedido, o juiz Geraldo Fidelis salientou que se fosse considerar a questão do calor, haveria necessidade de se implantar condicionadores de ar em prontos-socorros, unidades de saúde pública, salas de aula, creches, e órgão públicos. “Todavia, não cabe a este juízo, responsável pela Corregedoria das Penitenciárias de Cuiabá e Várzea Grande se ater a eventual inércia do Estado nesses setores”, observou o magistrado, que em seu despacho disse ainda que se fosse atender um pedido destes seria para atender primeiro a Penitenciaria Central, onde estão a maioria dos presos de Mato Grosso.
Quanto à oferta de que os próprios réus comprem os aparelhos, Fidelis destacou que não há como permitir o recebimento de “doações”, sob pena de se acusar que o Estado estaria admitindo a instalação de uma unidade prisional similar à “La Catedral”, prisão construída e utilizada por Pablo Escobar, um dos maiores traficantes da história. A estrutura possuía banheira com hidromassagem, cama rotatória, campo de futebol, discoteca, bar e até uma casa de bonecas para a filha do colombiano. “Isso é inadmissível”, assevera Fidelis.