EDITORIAL

Sem perder o momento

A Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Santa Casa de Rondonópolis representa, sem dúvida, um avanço – independentemente do resultado final, que deve ser divulgado até o fim deste ano.

O motivo é simples: desde 1997, quando a Câmara de Vereadores instaurou a chamada CEI da Semanada, sempre houve dificuldades para conduzir processos de investigação desse tipo. Aquela CEI, por exemplo, não chegou a uma conclusão clara nem identificou culpados. Serviu, na prática, apenas para levar o então prefeito Alberto de Carvalho a renunciar ao mandato. Anos mais tarde, ele foi inocentado pela Justiça das acusações que lhe foram feitas e que custaram seu mandato político. Ficou, portanto, um forte sentimento de injustiça.

Depois daquela experiência, diversas tentativas de instaurar novas comissões de inquérito foram frustradas: algumas morreram antes mesmo de ir ao plenário, outras foram abertas e não chegaram ao fim. Um exemplo foi a CEI da Infraestrutura, aprovada no ano passado, que mal começou e terminou sem relatório final ou mesmo oitiva de testemunhas.

No caso da Santa Casa, o cenário é diferente. Os vereadores demonstram preocupação em conduzir uma CEI com começo, meio e fim – ouvindo pessoas, colhendo depoimentos, analisando documentos e, principalmente, produzindo um relatório consistente. A Câmara, inclusive, contratou profissionais capacitados para auxiliar os parlamentares na análise técnica dos documentos. Além disso, houve o cuidado de cruzar depoimentos, documentos e números, buscando aumentar a precisão das conclusões.

O relatório final pode, sim, apontar culpados. Mas, acima de tudo, deve apresentar soluções práticas para que o hospital funcione de forma mais eficiente, cumprindo sua missão principal: atender quem mais precisa, a população de Rondonópolis e de toda a região.

Se isso for feito, haverá motivo para aplaudir o Legislativo. Mais que isso: essa CEI poderá ajudar a superar traumas de investigações malconduzidas no passado e preparar o Parlamento para enfrentar outras apurações necessárias – como, por exemplo, a tão aguardada investigação sobre a Companhia de Desenvolvimento de Rondonópolis (Coder).

Uma CEI na Coder, diante dos últimos acontecimentos, é tão necessária quanto a da Santa Casa. Talvez este seja o momento ideal. Se deixarmos para depois, corremos o risco de perder a hora da ação.

Fonte: Da Redação

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