Crise no Egito afeta o mercado exportador do estado

A crise política no Egito começa afetar o comércio de carne mato-grossense. Isto porque, plantas frigoríficas de Mato Grosso, desde a semana passada, vem suspendendo os embarques de carne bovina para o país africano, como medida de protecionismo comercial. Grupos como JBS/Friboi, Marfrig e Frialto são alguns que tomaram a decisão que deve perdurar até a solução do conflito egípcio.
Plantas em todo o Brasil aderiram a medida. O Egito é o terceiro principal mercado de carne bovina mato-grossense, atrás do Irã e da Rússia. Em 2010, o país da África respondeu por 12% das exportações do Estado, cerca de 41 mil toneladas. Até o momento a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne Brasileira (Abiec) ainda não sabe informar qual é o prejuízo causado pelo cancelamento dessas exportações.
Conforme o diretor comercial do Grupo Frialto, Paulo Belicanta, a suspensão é por mera questão comercial. “O cenário político que o Egito vive hoje gera insegurança e instabilidade na indústria no momento do recebimento. A preocupação é com o risco das mercadorias ficarem paradas nos portos das cidades”, explica. Belicanta ainda destaca que a situação deve perdurar enquanto a crise persistir. “Tal atitude seria tomada independente do país. Bastaria a situação de instabilidade”, declara o diretor do Frialto.
Quanto aos prejuízos que a suspensão poderia impactar na economia estadual, o presidente
de Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Jandir Milan, é pacífico ao dizer que a curto prazo, como espera que seja a adoção da medida, os prejuízos não sejam sentidos.
“Mato Grosso possui outros importantes mercados para a carne bovina. Logo, o que deixa
de ser enviado ao Egito é compensado por outros destinos”.
O analista de bovinocultura do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Daniel La Torraca, compartilha do posicionamento de Milan e afirma que no volume mensal a suspensão não chegará a afetar a economia. “Somente se a medida prolongasse para um médio ou longo prazo”.
Porém, o presidente do conselho trabalhista da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Alexandre Furlan, comenta que o JBS/Friboi, um dos maiores frigoríficos que atuam em Mato Grosso, já mostra sinais de preocupações com a crise, em virtude de vendas frustadas, sentindo um possível baque.
O superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, lamenta a medida, mas entende a necessidade dela. “O Egito é um importante mercado do Estado. Espero que os efeitos disso sejam minimizados e que o problema político não se torne comercial”.
Fonte:FAMATO (Folha do Estado)