AGROPECUÁRIA

Produção brasileira de grãos deverá atingir 144,6 milhões de toneladas

Pelas projeções da Safras & Mercado, a área cultivada no Brasil deverá crescer 1%.
O diferencial desta safra é o aumento do cultivo dos "primos pobres" – culturas que tradicionalmente são plantadas em propriedades menores – como o arroz e o feijão. O grande perdedor é o algodão, seguido pelo milho. Os custos de produção mais altos, por um lado, e os preços de mercado é que estão determinando esta mudança no perfil da safra.
"Vamos ter ‘de lamber’ os dedos por esse aumento porque não está fácil a coisa", diz Flávio França Júnior, diretor da Safras & Mercado, referindo-se ao pequeno aumento na área plantada geral. Isso porque, segundo ele, desde o final de julho as condições de preços para o plantio pioraram. Aliado a isso, de acordo com a análise da consultoria, os custos de produção subiram, em média, entre 20% a 25%. França Júnior acrescenta também a taxa cambial e a limitação de crédito privado, no caso da soja. Levantamento da Céleres mostra que até o momento 13% da produção estimada (de 63 milhões de toneladas) foi comercializada antecipadamente e a modalidade mais usada foi a troca de insumo por produto. A empresa projeta um aumento superior ao esperado pela Safras & Mercado. Enquanto uma consultoria estima acréscimo de 2% na produção, a outra espera 7%.
França Júnior diz que o aumento da área de soja virá de duas culturas: milho e algodão. "Mas a transferência não será proporcional", afirma. Por outro lado, de acordo com o consultor, neste ano não está ocorrendo a perda da área da pecuária para a agricultura, uma vez que a rentabilidade tanto no leite quanto no gado de corte está mais alta.
Entre as grandes culturas, a maior queda ocorre no algodão – área 9% menor – seguida pelo milho, que terá diminuição de 5% no cultivo de verão. "O milho perde para a soja e o feijão, principalmente em estados de pequena propriedade, como os do Sul, afirma França Júnior. Ele ressalta que as duas lavouras – de milho e algodão – são as que demandam o maior uso de insumos, elevando o custo de produção.
O levantamento da Céleres também mostra recuou no plantio de milho, mas inferior ao registrado pela Safras & Mercado: 3,3%. Para a consultoria, a oferta de crédito é um dos fatores, uma vez que o custo de produção da soja é menor. "No caso do milho, a aposta de novo vai ser da safrinha", acredita França Júnior.
Menos importantes na balança comercial, mas fundamentais nos pratos dos brasileiros, o arroz e o feijão serão os produtos com maior incremento na área cultivada. De acordo com olevantamento da Safras & Mercado, o primeiro plantio de feijão aumentará 11%, enquanto o de arroz crescerá 6%.
Para França Júnior, o Plano Agrícola e Pecuário pode ter um pouco de influência nas culturas básicas, uma vez que o governo anunciou que queria incentivá-las e, para isso, aumentou o preço mínimo. No entanto, segundo ele, foi o mercado o fator mais determinante. Foi a possibilidade de um lucro equivalente ao valor despendido na lavoura que levou o agricultor Tarcísio Cereta, de Sobradinho (RS) a aumentar a área plantada com feijão em 30%. A semeadura começa nesta semana para que dê tempo de, depois, cultivar também soja safrinha. Cereta diz que espera gastar R$ 1,48 mil por hectare e obter um lucro de R$ 1,5 mil por hectare, a se produtividade média se mantiver – 30 sacas por hectare – e os preços continuarem remuneradores. Em sua região, segundo ele, a cotação média do feijão preto é de R$ 130 a saca.
Portal do Agronegócio

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