Recuo de Fávaro cria problemas à direita e faz esquerda repensar apoio a Neri

Durou pouco o sonho da oposição de ter o senador Carlos Fávaro (PSD) como candidato ao governo de Mato Grosso. Ontem (25) ele anunciou sua desistência, afirmando que apoiará a reeleição de Mauro Mendes (UB) e também a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à presidência da República. Apesar de ser um golpe às pretensões dos oposicionistas, a decisão também pode trazer problemas ao atual governador e um de seus principais aliados – o senador Wellington Fagundes (PL).
Fávaro anunciou a desistência durante entrevista a uma emissora de rádio em Cuiabá. Alegou que tem uma história de alianças com Mauro Mendes e que não faria sentido um rompimento às vésperas da eleição. Ele disse também que poderá ajudar mais o projeto de Lula continuando como senador e aposta que Mauro Mendes (União Brasil) terá um palanque aberto.
“Onde eu vou estar, onde estiver o Neri, estará o presidente Lula e Alckmin. Tenho certeza que isso é possível”, afirmou Fávaro, dando a entender que já teria conversado sobre o assunto com o governador Mauro Mendes.
O problema é que a aproximação com o PT não é admitida pela cúpula do PL – partido de Wellington e Bolsonaro.
Já no domingo (24), durante a convenção que formalizou a candidatura à reeleição do atual presidente, Fagundes teria sido informado pelo presidente da legenda, Waldemar da Costa Neto, que a direção nacional vetará o apoio ao governador caso ele abra espaço aos aliados de Lula.
Nos bastidores o PL já cogita lançar o nome do deputado federal José Medeiros como candidato ao governo, de modo a garantir um ‘palanque 100% bolsonarista’ em Mato Grosso. A medida é vista com entusiasmo também por lideranças de outras legendas de extrema-direita que já manifestavam resistência a uma aliança com Mauro Mendes.
O assunto deverá ser tema de uma reunião hoje (26) da cúpula do União Brasil e o desconforto interno já alterou o calendário da convenção partidária que definirá os rumos da legenda no estado. Prevista para acontecer amanhã (27), a convenção foi adiada para o dia 05 de agosto – data limite imposta pela legislação eleitoral.
ESQUERDA
A decisão de Fávaro também deve gerar debates internos entre os partidos que integram a Federação Brasil da Esperança (PT, PV e PC do B), que defende a candidatura de Lula e estava propensa a hipotecar apoio à candidatura ao senado de Neri Geller (PP).
Diante da desistência do senador, principal apoiador de Geller, eles devem centrar forças na candidatura ao governo da ex-reitora Maria Lúcia (PC do B) e vão reavaliar a aliança ao senado – já que no âmbito estadual os partidos da Federação são oposição a Mauro Mendes.
Eduardo Ramos – Da Redação