ECONOMIA

Risco de faltar óleo diesel explica nova troca no comando da Petrobrás

O presidente Jair Bolsonaro (PL) demitiu o presidente-executivo da Petrobras —o segundo em dois meses— depois que a empresa se recusou a vender combustíveis com desconto aos consumidores, alertando que isso levaria à escassez de diesel. José Mauro Ferreira Coelho ficou 40 dias à frente da estatal e será substituído por Caio Mario Paes de Andrade. Essa é a terceira mudança na estatal, que neste governo foi presidida também por Roberto Castello Branco e pelo general Joaquim Silva e Luna.

A nova mudança seria motivada pelo fato de o Brasil estar entrando em uma janela crucial para garantir o fornecimento de diesel e a administração da Petrobras alertou o governo na semana passada que as bombas podem ficar secas durante o momento de maior exportação de grãos se a empresa não vender combustível a preços de mercado.

Conforme informações levantadas pela agência de notícias Reuters, os representantes da Petrobras disseram que a empresa e outros importadores terão dificuldades para garantir o diesel em meio à escassez mais grave do combustível em 14 anos.

Analistas, importadores privados e funcionários da agência reguladora de petróleo ANP ecoaram essas preocupações, disseram pessoas familiarizadas com as negociações, que pediram anonimato para discutir o assunto politicamente sensível

A apresentação da Petrobras sinalizou o risco de desabastecimento no terceiro trimestre, quando a demanda por diesel aumenta sazonalmente no Brasil e nos Estados Unidos.

"Se não houver sinal de preços de mercado à frente, há risco material de desabastecimento de diesel no pico de demanda da safra, afetando o PIB do Brasil", disse a Petrobras na apresentação intitulada "Combustíveis: desafios e soluções" e datada de maio de 2022.

A Petrobras não respondeu ao pedido de comentário formalizado pela Reuters.

SUBSÍDIO

Sugerir subsídios Executivos da Petrobras, cujos estatutos proíbem a venda de combustível com prejuízo sem compensação, sugeriram na apresentação que o Brasil poderia cortar impostos ou subsidiar combustíveis aos consumidores, citando o exemplo de vários países da União Europeia.

Os subsídios aos combustíveis custaram ao Brasil cerca de R$ 7,5 bilhões (US$ 1,6 bilhão) em 2018, quando o ex-presidente Michel Temer os implementou por alguns meses para interromper um protesto nacional de caminhoneiros.

O custo de uma medida semelhante este ano pode ultrapassar os R$ 60 bilhões, estimam analistas do mercado.

O Brasil registra maiores embarques a partir do segundo semestre com a entrada da segunda safra de milho, que se soma a exportações de soja. A maioria dos grãos chega aos portos por meio de longas rotas de caminhões.

 

Da Redação (com informações da Reuters)

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