Rondonópolis se destaca pelo investimento em estrutura de atendimento às gestantes e recém-nascidos

O município de Rondonópolis se destaca entre as cidades brasileiras pelo investimento da administração local em estrutura de atendimento às gestantes e aos recém-nascidos com suspeita de microcefalia. O avanço da gestão neste sentido foi reconhecido no Workshop do A, B, C, D, E do Zika Vírus que foi realizado pela Fiocruz em Pernambuco e reuniu representantes das diversas cidades brasileiras e de outros países, nos dias 1º e 2 de março, em Recife (PE). O fluxo do suporte conta com ambulatórios e atendimento especializado.
Edgar Prates – gerente do Departamento de Saúde Coletiva – representou Rondonópolis no evento e avalia que a resposta sobre a possível relação do zika vírus com a microcefalia depende da série de pesquisas científicas que estão sendo desenvolvidas no Brasil e no mundo para entender a doença transmitida pelo mosquito aedes aegypti e a relação com outros males. Ele apresentou a estrutura de atendimento da cidade no workshop que teve a cooperação internacional de pesquisadores dos Estados Unidos, da Escócia, do Reino Unido e da Colômbia.
O gestor compara que outros Estados e cidades brasileiras com estrutura de atendimento adequada contam com investimento de instituições de pesquisa e universidades. Em Rondonópolis, a administração aplicou recursos próprios para oferecer todo suporte de atendimento às gestantes e recém-nascidos. Além disso, até agora vem arcando com as despesas de exames necessários para o diagnóstico que devem ser oferecidos pelo Governo do Estado. “Nossa preocupação maior é que até agora o Estado não assumiu os exames”, fala.
A expectativa de Edgar Prates, que recebeu muitas informações novas sobre o zika vírus e a microcefalia no evento internacional, é que as respostas para todas as questões relacionadas venham com a conclusão das pesquisas em andamento. Ele conta que o debate promovido por representantes das universidades federais do Rio Grande do Norte, Pernambuco e Bahia, junto com a Fiocruz e o Instituto Evandro Chagas revelou que o zika vírus no Brasil tem a linhagem asiática e pode ser transmitido também pelo pernilongo comum.
Os casos de zika vírus e microcefalia, comenta Edgar, resultaram no alerta de emergência em saúde pública feito nos últimos 70 anos. O último foi pela incidência de febre amarela que também é transmitida pelo mosquito. Na opinião do gestor, ‘o importante agora é fazer a busca ativa de casos, manter a vigilância constante e oferecer todo o suporte necessário para o acompanhamento de gestantes e recém-nascidos com suspeita da doença’.
Lizziane Campos e Silva – enfermeira responsável pelo agravo do zika vírus em Rondonópolis – revela que até agora foram registradas 84 crianças com suspeita de microcefalia que foram expostas ao zika vírus. Deste total, 14 foram confirmadas com infecção congênita e alterações neurológicas no exame de tomografia. Outros 42 bebês estão à espera do exame de imagem que deve ser oferecido pelo Governo do Estado.
Das 14 crianças com diagnóstico estão sendo feitas investigações para saber se existem alguns casos de microcefalia. A resposta depende do resultado do exame de sorologia que vai ser apresentado pelos laboratórios de referência do Brasil que são Adolfo Ruter de São Paulo e Evandro Chagas do Pará. Enquanto isso, a prefeitura já oferece toda a estrutura necessária para o acompanhamento. Além do ambulatório para recém-nascidos junto ao SAE e o de atendimento das grávidas nas dependências do Ceadas, os pacientes contam com o atendimento do Centro de Reabilitação Nilmo Júnior.