POLÍTICA

Rosa Weber, do STF, dá 10 dias para Bolsonaro explicar perdão a Daniel Silveira

A ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Rosa Weber deu dez dias para que o presidente Jair Bolsonaro (PL) explique o indulto concedido ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), depois de o congressista ter sido condenado na Corte a 8 anos e 9 meses de prisão por estimular atos com pautas antidemocráticas no país.

A ministra foi sorteada na semana passada para ser a relatora de uma das ações contra o decreto de Bolsonaro que concedeu a graça (um perdão) ao deputado bolsonarista. Segundo ela, o processo tem "especial significado para a ordem social e a segurança jurídica".

“Requisitem-se informações ao Presidente da República, a serem prestadas no prazo de 10 (dez) dias. Após, dê-se vista ao Advogado-Geral da União e ao Procurador-Geral da República, sucessivamente, no prazo de 05 (cinco) dias”, disse Rosa Weber no despacho feito ontem.

Na mesma determinação, a ministra abre prazo de cinco dias, que serão contados após a resposta do presidente, para que a AGU (Advocacia-Geral da União) e a PGR (Procuradoria-Geral da União) se manifestem sobre o caso.

Em sua primeira sustentação oral na Corte, a vice-PGR Lindôra Araújo pediu na semana passada a condenação do parlamentar.

Para a procuradora, o bolsonarista Silveira, por meio de suas redes sociais, usou mensagens depreciativas e linguagem repugnante capazes de pôr em perigo a paz pública; colocou em xeque a existência do Poder Judiciário e atacou o direito de personalidade de um dos ministros, mediante grave ameaça à sua integridade física.

AÇÕES

A determinação de Rosa Weber ocorre em resposta às ações ajuizadas no STF depois de Bolsonaro ter concedido o perdão ao deputado. Ao menos quatro ações foram protocoladas na Corte questionando o decreto —uma da Rede Sustentabilidade, outra do PDT, uma do Cidadania e uma reclamação do senador Renan Calheiros (MDB).

Com o acolhimento pela relatora no STF, as ações deverão tramitar em conjunto.

“O ato que concedeu a graça no dia seguinte ao resultado do julgamento não foi praticado visando ao interesse público, em respeito aos princípios constitucionais da impessoalidade e da moralidade, mas sim visando ao interesse pessoal do Sr. Jair Messias Bolsonaro, o qual se encontra nas vésperas de disputar uma reeleição ao Palácio do Planalto”, destacou a Rede Sustentabilidade na ação protocolada no STF.

Já o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) apontou uma interferência indevida do presidente nas decisões da suprema corte. Para ele, o perdão é uma afronta à democracia e ao Estado de Direito.

“Em verdade, o Presidente da República quis fazer as vezes do órgão julgado para, sob sua ótica e régua, afastar o posicionamento firmado pelo Poder Judiciário e fincar de forma autoritária o que acha certo, sobretudo para resguardar interesses dos seus aliados”, destacou.

 

Da Redação (com RBA)

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