Selma: soltura é "presente de Papai Noel" e prêmio à corrupção

A senadora Selma Arruda (PSL) classificou como “presente de Papai Noel” a progressão de regime concedida ao ex-governador Silval Barbosa, na última quarta-feira (15).
Silval – condenado a mais de 25 anos de prisão por organização criminosa, concussão e lavagem de dinheiro – foi encaminhado para o regime semiaberto, conforme estabelecido em colaboração premiada homologada no Supremo Tribunal Federal (STF) em agosto de 2017.
Nela, consta que o ex-governador deveria cumprir 3 anos e 6 meses em regime fechado para conseguir progressão para o semiaberto.
Quando era juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma expediu o mandato de prisão contra o ex-governador, em 2015. E o sentenciou a 13 anos e 7 meses por concussão, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ele também também foi condenado pelo juiz Marcos Faleiros, da mesma Vara. “Esse acordo foi um presente de Papai Noel. Ele foi acusado de ter desviado R$ 1 bilhão, fez um acordo de colaboração premiada para devolver R$ 63 milhões com prazo, e entregar R$ 40 milhões em ‘quinquilharia’. Ou seja, isso é premiar a corrupção”, afirmou a senadora ao MidiaNews.
“Ele era o ‘chefão’ e devolveu uma ninharia. Fez uma delação guarda-chuva, porque muita gente abarcou nessa delação dele. Ele abarcou o irmão, a mulher, o filho, secretário… Quer dizer, foram cinco pessoas na mesma delação em troco dessa ninharia de dinheiro. São essas estranhezas uma lei para evitar que isso aconteça novamente”, completou.
Ela se refere à confissão de diversos crimes de corrupção operados no Estado pela ex-primeira-dama e ex-secretária de Trabalho e Assistência Social, Roseli Barbosa; o médico e empresário Rodrigo Barbosa, filho do casal; e o irmão de Silval, Antônio Barbosa, além do ex-assessor Sílvio Correa.
Em acordo de colaboração premiada, o núcleo familiar de Silval se comprometeu a devolver um total de R$ 79,3 milhões em bens e valores aos cofres de Mato Grosso.
O crime compensa
Para a senadora, os acordos firmados na colaboração são um incentivo ao crime de “colarinho branco”.
“Isso é um incentivo para que outros corruptos continuem desviando o dinheiro público sabendo que eles irão passar apenas meses presos e depois vão botar uma ‘tornozeleira de brilhantes’ no calcanhar e vão usufruir as suas vidas em suas mansões e fazendas. E em seguida, quem sabe, até candidato novamente”, disse.
Na próxima terça-feira (21) Silval passará por audiência admonitória na 2ª Vara Criminal, conduzida pela juíza Geraldo Fidelis.
Na ocasião, serão firmadas as medidas cautelares Silval deverá usar monitoramento eletrônico (tornozeleira) e recolher-se a sua residência todos os dias, inclusive nos fins de semana, das 22h às 6h.