Professores discutem estratégias para elaborar a Proposta Diretriz de Rondonópolis

Definir uma Proposta Diretriz de Educação do Campo que seja diferenciada, específica e do mesmo nível da praticada nas escolas da cidade Esta é a meta dos professores que atuam nas escolas da zona rural de Rondonópolis e começaram a discussão das estratégias que devem servir de base para o trabalho, durante encontro na noite desta terça-feira (25). A meta da gerente do Departamento de Gestão do Ensino Fundamental no Município, Marisa Inês Brescovici Araújo, é concluir o projeto até o mês de agosto.
Marisa Araújo destacou a importância de ‘existir uma escola em todo lugar onde tenha uma criança para estudar’ no discurso de abertura que revelou as lembranças da experiência como professora do campo. A gestora alertou aos profissionais para a importância de envolver toda comunidade no processo de elaboração da Proposta Diretriz. “Precisamos ter uma política que nasça da escola. Devemos discutir o que cada escola anseia para definirmos a maneira como vamos trabalhar”, orientou.
A professora mestre Rosemeire Cardoso Correia abriu as discussões com uma retrospectiva resumida sobre as políticas públicas para a educação do campo, desde a descoberta do Brasil, em 1.500, até os dias atuais. Ela defende que ‘mais importante do que elaborar o documento da proposta é executar as diretrizes definidas no sistema de ensino desenvolvido nas unidades educacionais do campo’.
Rosemeire Correia lembrou que a primeira lei brasileira a fazer referência à educação do campo foi a Constituição Federal de 1934. A partir daí elencou leis e resoluções brasileiras neste sentido. No contexto local, a mestre conta que Rondonópolis sediou diversos fóruns de discussão. A conquista em 2013 foi a criação da Divisão de Diversidades e a elaboração do Plano Municipal de Educação com estratégias e metas para as escolas do campo.
A palestrante que fez carreira como educadora do campo, destacou alguns fundamentos considerados importantes para definição da Proposta Diretriz. Rosemeire defende que ‘a educação é um direito social e precisa estar comprometida com as especificidades e necessidades do campo’. Ela chama atenção ainda para as estratégias de desenvolvimento territorial sustentável e educação com emancipação humana.
CURRÍCULO
O mestrando Iorim Rodrigues da Silva alerta que o currículo da educação do campo deve ir além da metodologia de ensino-aprendizagem e considerar fatores essenciais, como democracia, cidadania e participação. “Temos de produzir um currículo de formação humana, construir a identidade coletiva e definir qual o papel do sujeito dentro da coletividade”, argumenta.
Na opinião do palestrante, a militância social é que vai mostrar como a escola pode contribuir com a sustentabilidade socioeconômica e ambiental. “Os movimentos sociais não podem ficar de fora dessa discussão de diretriz da educação do campo. É preciso pensar como é o processo de democratização de gestão”, aconselha.
Iorim Silva observa que estes pilares defendidos surgem na comunidade escolar. “Nenhuma lei traz definição de gestão, de democratização e de participação. Isso é feito dentro da escola”, afirma. Para elaborar uma proposta diferenciada, acrescenta o palestrante, cada escola deve ‘caracterizar seu sujeito e identificar o perfil do funcionário’, por exemplo.
O professor que classifica a educação do campo como uma reprodução da urbana, aposta em mais empenho de todos como alternativa para dinamizar o processo. “Precisamos nos assumir responsáveis pelo Plano de Políticas Pedagógicas, dentro do processo de educação e dentro do sistema de gestão”, argumenta.
Marisa Araújo explica que as discussões no encontro da terça (25) devem nortear as ações que vão resultar na Proposta Diretriz. A expectativa da gestora é conseguir apresentar o trabalho concluído no dia 14 de agosto. A ideia inicial é fazer a solenidade na Escola 14 de Agosto do Assentamento Chico Mendes.