Era uma vez uma Copa, no exílio, na prisão, no seringal

Presidenciáveis relembram onde estavam em outros campeonatos mundiais. Estádio Nacional do Chile, palco da conquista da Copa de 1962 pelo Brasil. Esse é o endereço de um episódio que o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, não esquece. Foi para lá que, 11 anos depois da conquista do bicampeonato pela seleção brasileira, que ele, exilado político, foi levado pela ditadura de Augusto Pinochet. No lugar onde Garrincha e Vavá hipnotizaram o mundo, e que em 1973 havia se transformado em campo de prisioneiros, torturas e assassinatos, Serra passou um dia preso, acusdo de atitude subversiva.
(…) a presidenciável Dilma Rousseff (…) revelou que achava Rivelino “maravilhoso”. Mas a copa de 1970, que deu ao Brasil o tricampeonato, não teve grande destaque em suas lembranças.
– Também me lembro muito da Copa de 70, da Copa “Pra frente Brasil”, porque eu estava na cadeia (presa pela ditadura) diz a presidenciável petista, por último, depois de contar que já se interessava pelo assunto quando tinha cerca de 10 anos de idade. – Despertei para o mundo das copas de futebol por volta de 10 anos, com a Copa da Suécia (1958). Eu me lembro também da Copa do Chile, mas a que mais me marcou foi a da Suécia. E me lembro da imagem do Pelé disparando pelo campo, com todos os outros jogadores correndo atrás. (…)
O tricampeonato brasileiro em 70 traz lembranças mais vivas, e as melhores, para a senadora Marina Silva, que tinha 12 anos naquela época, e morava no seringal Bagaço, no interior do Acre, com seus pais e as seis irmãs. Ela contou ao GLOBO que sua principal lembrança é mesmo a do jogo em que o Brasil derrotou a Itália por 4 a 1, conquistando a Taça, em 1970. Lembra que os jogos eram acompanhados pelo radinho de pilha do pai, que a cada vitória dava tiros de espingarda para comemorar.
– Os vizinhos, em loteamentos próximos, também respondiam com tiros.