Excesso de sal põe em risco a saúde cardiovascular

Uma pesquisa feita em 2014 pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, revela que o consumo médio de sal no Brasil é de 12 gramas por dia, ou seja, duas vezes mais que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
A meta é reduzir até 2022 para 5 gramas diários de sal, o que corresponde a uma colher rasa de chá, como forma de promover a saúde.
Segundo o médico cardiologista Luiz Scala, que é diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia e cooperado da Unimed Cuiabá, o consumo elevado de sal amplia os riscos de hipertensão e é responsável pelo aumento das doenças circulatórias e cardíacas. “Em consequência da hipertensão arterial, há o aumento de doenças como o acidente vascular cerebral (AVC), infarto agudo do miocárdio e insuficiência cardíaca”, esclarece.
A hipertensão arterial caracteriza-se por níveis aumentados e sustentados da pressão arterial. O acidente vascular cerebral ou derrame cerebral ocorre quando há um entupimento ou o rompimento dos vasos que levam sangue ao cérebro, provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea adequada.
O infarto agudo do miocárdio é quando o fluxo de sangue que leva ao miocárdio (músculo cardíaco) é bloqueado por um tempo prolongado, de modo que parte do músculo cardíaco seja danificado ou morra. E a insuficiência cardíaca caracteriza-se pelo coração dilatado e fraco.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Hipertensão, um estudo de 2015 – Heart Disease and Stroke Statistics (Estatísticas sobre doenças cardíacas e infartos), da American Heart Association, declarou durante a última década pesquisada, de 2001 a 2011, que a taxa de morte por hipertensão, em mais de 190 países pesquisados, aumentou em 13,2%.
O Brasil representa o sexto lugar entre os países com a mais alta taxa de morte por doenças cardíacas, infartos e hipertensão arterial, entre homens e mulheres de 35 a 74 anos. Um dos agentes causadores dessas doenças é o consumo excessivo de sal, que eleva o sódio no organismo a níveis prejudiciais.
Na última terça-feira (29), comemorou-se o Dia Mundial do Coração, data importante para lembrar a todos da necessidade de se cuidar desse órgão vital. Mas como cuidar do coração? Além de manter uma vida saudável com alimentação equilibrada, aliada com prática de atividade física regular, é necessário diminuir o consumo de sal.
A nutricionista explica ainda que outra estratégia a ser feita para evitar o sal é retirar o saleiro da mesa e fazer a substituição do sal de cozinha por ervas ou temperos naturais, que contêm menos sódio.
O cardiologista Luiz Scala enfatiza que é importante prestar atenção na rotulação dos alimentos com as informações nutricionais. Ele adverte que é preciso verificar a quantidade de sódio nos produtos (1 g de sal contém 400 mg de sódio).
“A recomendação diária é não consumir mais do que 5 gramas de sal por dia, pois, a partir de 6 gramas, todos podemos nos tornar hipertensos”, afirma. Um quilo de sal iodado é o suficiente para uma família de quatro pessoas durante 50 dias”, frisa o médico.
Outra dica importante para evitar o consumo de industrializados é fazer uma lista para o supermercado. Dessa forma, cria-se um foco na hora de comprar alimentos mais saudáveis e a pessoa não cai na armadilha de adquirir produtos atrativos que normalmente são ricos em gordura e sódio.