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Índios Boe-Bororo ainda não foram consultados sobre novo traçado da ferrovia

Os índios Boe-Bororo ainda não foram consultados sobre a construção do trecho ferroviário que deve ligar Rondonópolis ao município de Lucas do Rio Verde. O traçado dos trilhos vai separar as terras indígenas Tadarimana e Teresa Cristina, dificultando a relação entre as aldeias e pondo em risco o patrimônio material e imaterial do povo bororo.

 A consulta aos índios foi acertada numa reunião realizada no mês passado, em Brasília. Na ocasião representantes da União, da Funai, do Ministério Público Federal e também dos índios e da empresa Rumo (responsável pela ferrovia) avaliaram aspectos da legislação e a necessidade de ouvir as reivindicações da etnia.

“Não fomos consultados em nenhum momento por nenhum órgão sobre o traçado dessa ferrovia. Esta reunião em Brasília só ocorreu após intervenção do Ministério Público Federal”, disse o cacique Bororo, Marcelo Koguiepa.

“Lá (na reunião) ficou definido que técnicos da Funai e da empresa Rumo iriam fazer essa consulta prévia. Esperamos que isso ocorra ainda neste mês de julho, mas ainda não fomos procurados”, completou.

Além de separar as duas terras indígenas, o traçado também inclui uma área próximo à Rodovia do Peixe que, segundo o Instituto Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) contém vestigios ligados à história dos Bororo – o que pode representar risco ao patrimônio imaterial.

A reportagem manteve contato com a unidade da Funai em Rondonópolis. A responsável está afastada por questões de saúde, mas, por telefone, disse que não tinha informações sobre o assunto.

INVESTIMENTO BILIONÁRIO
O novo trecho, denominado Ferrovia Autorizada de Transporte Olacyr de Moraes (FATO), tem um traçado de 730 quilômetros e é considerado essencial para o Agronegócio. Só a primeira etapa, ligando Rondonópolis à Cuiabá, deve custar cerca de R$ 11 bilhões, com previsão de operação à partir de 2025.

Apesar de obter aprovação dos órgãos públicos federais e estaduais, sendo saudada como uma grande conquista por políticos e empresários, o Ministério Público Federal sustenta que o empreendimento não respeitou normas previstas na legislação e em acordos internacionais.

 

Eduardo Ramos – Da Redação

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