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“O horto foi um presente que, desde o início, meu pai quis dar a Rondonópolis”, diz Júlio Goulart

Um dos locais mais encantadores de Rondonópolis, o Bosque Municipal Izabel Dias Goulart, o ‘Horto Florestal’, não foi obra do mero acaso ou fruto de uma decisão de alguma esfera jurídica ou de um grupo preservacionista. Quem garante é o engenheiro civil Júlio Goulart, filho de Júlio Dias Goulart, o homem que por conta própria cedeu a área para o Município fazer virar um símbolo do meio ambiente e um dos cartões postais da, hoje, maior cidade da região sul de Mato Grosso.
Ao lado da reportagem, Júlio passeou pelas trilhas construídas em meio aos 15 hectares do parque, onde existe, além da mata, playground, lanchonete, áreas de lazer e pistas de caminhada. Ele contou o que pensava seu pai quando preservou esta área para que ela se tornasse o que é hoje. “Ele (pai) trabalhava com loteamento, mas sempre foi um amante da natureza. Sempre dizia que esta mata que ele conservava ia ser muito importante, então o horto foi um presente que, desde o início, meu pai quis dar a Rondonópolis”, enfatizou Goulart.
Júlio, o pai, hoje com 98 anos, adquiriu no passado a fazenda que congrega boa parte de onde é hoje o bairro Vila Goulart do próprio pai, Francisco de Paula Goulart, logo que chegou na cidade, no ano de 1953. Francisco havia chego um pouco antes, em 1945, e por sua vez havia comprado as terras a beira do Rio Vermelho de Marechal Cãndido Rondon. Ao todo, a propriedade tinha 40 mil hectares.
Aos 61 anos, Júlio, o filho, garante que toda a família Goulart se orgulha de ter feito parte tão ativamente da formação habitacional e da história geral de Rondonópolis. O horto, especificamente, que leva o nome da avó do engenheiro, é um patrimônio tão rico que, de fato, não tinha razão de ser apenas de um só dono, na visão do engenheiro.
“Hoje isto aqui é um dos locais mais visitados da cidade, seja o fim de semana, ou mesmo nos inícios da manhã e fim de tarde, onde o pessoal faz atividade esportiva, este ambiente é o mais propício para isto. Moro bem aqui perto e desfruto deste local com minha família, assim como várias outras famílias de Rondonópolis. Meu pai, mesmo hoje já com idade avançada, se sente até hoje muito honrado por ter tido este cuidado de preservar este local”, comenta o entrevistado.
Não só o horto municipal, mas o povoamento da margem do Rio Vermellho do lado da Vila Goulart é tido como um exemplo por Júlio, já que se respeitou os limites e os trâmites legais para impulsionar a habitação. “É só olhar do outro lado do rio e ver o que fizeram na Vila Canaã e tantos outros locais lindos que desordenadamente foi povoado. Agora do lado de cá, o máximo que se encontra é algumas famílias de antigos pescadores, mas não há prédios, construções mal feitas, tampouco poluição como do outro lado. Também nos orgulhamos disso”, diz Júlio.
Sobre a data exata de doação do horto ao patrimônio público, Júlio não fez questão de precisar, nem mesmo enalteceu o trabalho de algum prefeito. Ele preferiu dividir os méritos ao contar a história. “Ocorreu que em 1984, o prefeito Carlos Bezerra pediu a área para a Prefeitura e o meu pai cedeu, mas a primeira mata não era exatamente do tamanho que vemos hoje. Logo os prefeitos que foram vindos depois, argumentaram a necessidade de expansão do parque, aí foi dado um hectare em uma gestão, mais três em outra, até que se chegasse ao parque nas condições que vemos hoje: cercado e com algumas intervenções feitas. As benfeitorias foram feitas por vários deles (prefeitos)”, explicou.
Questionado se mudaria algo no horto, Júlio fez apenas uma observação de investimento: “Acho que poderia ser repovoado de árvore o canto esquerdo do bosque, próximo ao horto hotel, com árvores frutíferas e outras espécies nativas. Agora o que eu vejo todo ano é a prefeitura fazendo uma gradeação da terra, um abatimento do mato que cresce, mas aquele lado sempre esta mais aberto e ralo (…) No mais, creio que toda população deve seguir aproveitando do local, respeitando os animais, a flora e todos os seres vivos que ali habitam porque na verdade a casa é deles, nós somos só visita”, concluiu.
CURIOSIDADES: Segundo crença popular, quando os bugios que existem no horto cantam vorazmente é sinal que deve chover nas próximas horas

Os machos da espécie arara vermelha que comumente são encontrados no horto se diferem das fêmeas por ter o bico mais comprido e estreito.

Hevandro Soares
Da Redação

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