Um ano depois da Copa, metade do 'legado' ainda não foi entregue

Trens do VLT em Cuiabá já existem, mas sistema ainda não funciona; obra é a mais cara da história do MT. Em agosto do ano passado, logo após o fim da Copa do Mundo, a presidente Dilma Rousseff comentou o atraso em várias das obras de infraestrutura planejadas para o evento, dizendo que muitas delas estavam em andamento e que "todos esses investimentos ficarão prontos para os brasileiros." Passado quase um ano do torneio, metade do "legado" previsto ainda não foi entregue, como mostra um levantamento feito pela BBC Brasil.
Das 44 obras de mobilidade urbana que deveriam ser entregues para o Mundial, 20 não ficaram prontas. Sobraram 44 obras de mobilidade na última versão apresentada, e os casos que chamam mais atenção são Cuiabá, Fortaleza e Recife. As duas primeiras não concluíram, até hoje, nenhum dos projetos de mobilidade prometidos para o Mundial – eram três em Cuiabá e seis em Fortaleza. Em Cuiabá, as obras da Copa são alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa para investigar irregularidades nas construções – especialmente na do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), que ainda está no início e já consumiu mais R$ 1 bilhão do seu orçamento que era de R$ 1,4 bilhão. Das 12 cidades-sede, Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo foram as únicas que já entregaram o prometido. Mas, no caso de BH, problemas estruturais chegaram a comprometer algumas das obras – incluindo a do viaduto de Guararapes, que desabou durante o Mundial, e a do viaduto Montese, que ficou nove meses interditado para reparos.
Confira os principais casos de obras previstas e que ainda não ficaram prontas.
Cuiabá; Do prometido para a Copa em Cuiabá, somente o estádio – Arena Pantanal – foi entregue antes do torneio. Restaram três obras de mobilidade na Matriz: obras viárias de acesso à arena, o corredor Mário Andreazza, e o VLT, que serviria para ligar Cuiabá a Várzea Grande, todas de responsabilidade do governo estadual . Operários trabalhando na obra do VLT em Cuiabá promessa agora é para 2018. Nenhuma delas ficou totalmente pronta, mas a lentidão do VLT chamou a atenção das autoridades, que decidiram contratar uma auditoria para investigar irregularidades na obra de R$ 1,06 bilhão – a construção mais cara da história do Mato Grosso.
Somente a auditoria custou aos cofres públicos mais R$ 65 milhões e identificou quatro crimes: prevaricação, improbidade administrativa, possibilitar vantagem ao particular durante a execução de contrato e descumprimento dos deveres funcionais dos servidores públicos. Além disso, há uma suspeita de superfaturamento de R$ 100 milhões na compra de vagões do VLT. A previsão de entrega dada pelo Consórcio responsável pelo VLT agora é para 2018 – mas ela já é contestada pela atual gestão do governo estadual.
Fortaleza; Tinha a promessa de ser uma nova cidade após a Copa do Mundo, com projetos municipais e estaduais prevendo a entrega de BRTs, estações de metrô e até um VLT. Mas nenhuma das obras ficou pronta até agora. Vagão já existe, mas obra do VLT de Fortaleza ainda depende de nova licitação. O caso mais complexo é o do VLT, que chegou a passar por quatro licitações e atualmente está 50% pronto. O custo dele – que terá 12,7 km e ligará 22 bairros – chega perto de R$ 175 milhões, segundo o governo estadual, responsável pela obra.
Recife; Tinha sete projetos de mobilidade urbana, dos quais três foram entregues. Os outros ainda estão em construção, entre estes, os Corredores Norte-Sul e Leste-Oeste de BRTs, o Corredor Via Mangue e o Corredor Caxangá. Fora essas obras da Matriz, há outro projeto grande que não saiu do papel: a chamada Cidade da Copa, em São Lourenço da Mata, a quase 20 km da capital pernambucana.
Projeto da 'Cidade da Copa' fechado em parceria entre governo estadual e Odebrecht: só o estádio saiu do papel
Outras cidades; Curitiba eram sete projetos no total, dos quais apenas a expansão do BRT e a reforma da Rodo-ferroviária foram entregues – ambas de responsabilidade da prefeitura. Os outros, divididos entre governos municipal e estadual, estão em andamento – alguns estão 70% concluídos -, com prazos para serem entregues entre o fim desse ano e o início do próximo.



