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Nilza Marinho da Silva – (Desportista e Pioneira no comércio rondonopolitano)

“Meu amor a família e ao atletismo, sempre foram mais fortes, na adolescência realizava os meus treinos de natação nas águas do Rio São Francisco.”

Nilza é natural da cidade de Januária interior de MG, é um exemplo de determinação e boa vontade, ela e seus familiares fazem parte da história desta cidade, que com muita dedicação e carinho deram a sua contribuição para o desenvolvimento do comércio local. Vamos conhecer um pouco mais da trajetória dessa abnegada pioneira.
Jornal Folha Regional; Quais as lembranças que marcaram a sua infância e a de seus irmãos?
Dona Nilza; Meus pais Vicente Ferreira da Costa e minha mãe Joana de Seixas Marinho, nos proporcionaram uma infância alegre, e feliz, apesar dos obstáculos e dificuldades naturais daquela época. Naquele período eu e meus seis irmãos, João Batista, Juvercina, Lindaura, Margarida, Alice, e Eva viviamos muito unidos. Meus pais criaram sete filhos adotivos, eu sempre entendi esse desprendimento, essa dedicação, como um ato de grande humanismo e amor ao próximo.
JFR; Como surgiu o seu interesse pelo atletismo?
Dona Nilza; Foi na minha cidade natal Januária, eu estava com 14 anos de idade, quando surgiu uma oportunidade de participar de uma corrida de cavalo. O animal era ágil, com ele ganhei o meu primeiro prêmio, um carro de boi com quatro bovinos, e mais 400 mil réis (dinheiro daquela época). Quando completei 17 anos mudamos para a cidade de Montalvânia, também no interior de MG. Eu sempre tive paixão pelo esporte em especial pelo atletismo, e naquela cidade comecei a treinar natação. Meu amor a família e ao atletismo sempre foram mais fortes, na adolescência realizava meus treinos nas águas do Rio São Francisco.
JFR; Quando se deu a sua chegada na cidade de Rondonópolis, e o início das suas atividades no comércio local?
Dona Nilza; Cheguei a Rondonópolis em 1956, acompanhada de parentes, logo de início gostei muito da cidade. No ano seguinte me casei com Hermenegildo Silva, tivemos dois filhos Hermélio e Hermelindo. Temos mais dois filhos adotivos Chirliane e Pedro Humberto, apoiamos também num período seguinte vários jovens que passaram por nossas vidas. Ainda na década de 1950, mais precisamente no ano de 1958 nós começamos a nossa atividade comercial, o nosso ramo era alimentação, nós servíamos pratos feitos. Esse tipo de comércio era conhecido em outros estados por venda, ou restaurante mas para os mato-grossenses era bolicho. Nós tínhamos um grande cliente, que se chamava Casa da Lavoura, e muita gente que vinha de outras cidades da região sul. Foram momentos inesquecíveis, em que Rondonópolis procurava se estruturar, recebia visitantes, e começava a se organizar para que a cidade futuramente se desenvolvesse.

JFR; O seu empenho e colaboração da sua família, que é uma das pioneiras em Rondonópolis já está registrada na história desta cidade. Mas há também uma notoriedade em que seus filhos continuam trilhando caminhos de alta construção sócio – cultural como bons cidadãos, a exemplo do Hermélio Silva, e Hermelindo . Quais as virtudes que a senhora ressalta em seus filhos ?
Dona Nilza; Todos os meus filhos são maravilhosos, são especiais agradeço à Deus, por serem pessoas justas e honestas, posso dizer que herdei dos meus pais esse ato de humanismo e amor ao próximo. Mas tem um momento interessante, é que no dia do nascimento do Hermélio, a cidade estava em festa, se comemorava a vitória do primeiro prefeito eleito de Rondonópolis, Daniel Martins de Moura.

JFR; De que forma a feira da Praça dos Carreiros influenciou no desenvolvimento do seu comércio, e do comércio naquela região?

Dona Nilza; A nossa localização era boa, nós contávamos com a feira da Praça dos Carreiros, que começava nas sextas feiras e ia até o domingo. Sem dúvida, com o movimento da feira a nossa clientela crescia. Um fato interessante é que na década de 1950 as dificuldades de conservação de alimentos e bebidas eram bem rudimentares, não havia geladeira a cerveja era colocada em caixas cheias de serragem e assim ficavam fresquinhas. Conseguir copos era um problema e os clientes tomavam cerveja ou refrigerantes na boca da garrafa. Nós doávamos comida aos índios Bororos que ficavam durante a semana na Praça dos Carreiros, procurávamos não desperdiçar alimentos. Em 1965 encerramos a nossa atividade comercial, foi um dos momentos mais importantes das nossas vidas.
JFR; Para encerrarmos a nossa entrevista, desde já agradecemos a vossa gentil atenção. A senhora colocou a sua vocação de atleta em prática, e nos últimos tempos vem ganhando muitas medalhas por participação e vitórias em competições diversas, como se sente?
Dona Nilza; Eu sempre gostei de competir, mas o importante mesmo é participar, faço parte da comunidade da terceira idade, participei na UFMT, no SESC Rondonópolis, Salvador e Manaus. Participei da XXII Olimpíada no Rio de Janeiro em 2002, a minha preferência é estar nas competições pedestres e natação, até os dias de hoje conquistei cerca de 30 medalhas. Quero aqui deixar um recado para os nossos jovens, participem de competições, pratiquem esportes, hoje temos inúmeras modalidades que devem ser preservadas e mantidas. Os aprendizes de hoje com certeza serão os campeões de amanhã. Muito grato por esta oportunidade.
Redação – Denis Mares

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