Nadaf fala do desenvolvimento econômico de Mato Grosso

Investimentos, aumento nas exportações, qualificação de mão-de-obra, Arranjos Produtivos Locais e industrialização de Mato Grosso são alguns dos assuntos abordados pelo secretário de Indústria, Comércio, Minas e Energia, Pedro Nadaf. Ele fala também do artesanato mato-grossense e da industrialização do Estado.
– Mato Grosso avançou no seu processo de industrialização em 2011?
Pedro Nadaf (PN) – Apesar das restrições podemos dizer que 2011 foi um bom ano para o Estado. Atraímos novas empresas e concretizamos a implantação de outras como a Votorantim que fica pronta já em 2012. É importante destacar que Mato Grosso é o Estado que mais recebe investimentos no Centro-Oeste brasileiro.
O crescimento nas exportações está relacionado com a industrialização do Estado?
PN – Mato Grosso representa 56% das exportações do Centro-Oeste. No ano passado Mato Grosso foi responsável por 38% do superávit da Balança Comercial. A expectativa é chegar aos 40% esse ano. Enquanto a produção agrícola cresceu 8%, as exportações aumentaram em 72% nos últimos 3 anos. Assim sendo, o aumento nas exportações representam a agregação de valores aos produtos. Isso está diretamente ligado aos empreendimentos que o Governo do Estado de Mato Grosso tem atraído para Mato Grosso. As exportações desse ano passarão de R$ 11 bilhões. Em 2002, as exportações eram de R$ 1 bilhão. Nestes últimos nove anos, tivemos um aumento de 430%. Passamos de R$ 1 bilhão para R$ 11 bilhões. Esse número é extraordinário.
Como o senhor avalia o setor industrial em 2011?
PN – Em 2010 atraímos cerca de R$ 1,4 bilhão em novos investimentos para o Estado de Mato Grosso. Em 2011, esse valor foi de R$ 1,2 bilhão. Não foi um ano ruim. Em 2011 pelo menos 103 novas empresas receberam incentivos fiscais. A perspectiva é que Mato Grosso receba pelo menos R$ 22 bilhões de investimentos nos próximos anos. Temos cerca de R$ 3,5 bilhões em obras públicas, R$ 2,5 bilhões em novas indústrias, R$ 800 mil em novos empreendimentos na área de comércio e serviços, R$ 16 bilhões no setor de hidrelétricas, R$ 3,8 bilhões em linhões, obras que já estão autorizadas, e mais cerca de R$1,5 bilhão em obras Estaduais. Estou mencionando somente os grandes investimentos.
– Com esse crescimento como ficou a politica de qualificação de Mão-de-obra em 2011?
PN – Com recursos do Governo do Estado de Mato Grosso, em parceria com o Sistemas S qualificamos 26.803 profissionais e mais 3.913 na área de produção industrial. Ao todo foram qualificados e capacitados quase 30 mil pessoas em 2011. Na área tecnológica, mais 419 empreendedores e 280 empresas do Mato Grosso participaram de pelo menos 57 rodas de negócios nacional e internacional. Tivemos 3 missões nacionais e 6 internacionais. Tudo isso é qualificação. Estes empreendedores que viajam trazem novas ideias tanto para o seu próprio negócio como para a economia de seu município.
– Quem paga essas viagens?
PN – Cada empresário paga a sua viagem, hospedagem e alimentação. O Governo do Estado custeia apenas os profissionais que propiciam a qualificação destes empresários, ou seja, os palestrantes e os guias de negócio. Em 2011, tivemos 160 empreendedores que foram para a China, Europa, Bolívia, Argentina e Peru.
– E o artesanato mato-grossense? Houve qualificação e evolução na produção?
PN – Esse foi um setor que evoluiu muito nos últimos anos. Em 2011 passamos a exportar peças para o Peru, Equador e Colômbia. Até bem pouco tempo tínhamos apenas a produção de redes e da cerâmica de São Gonçalo. Transformamos o artesanato mato-grossense em negócio. Qualificamos os artesãos para que possam fabricar peças que atendam as regras da legislação e a demanda de grandes empresas como Walmart e Tock Stock. Outro setor que recebeu qualificação esse ano foi o das doceiras que aprenderam novas tecnologias para conservar o doce por mais tempo. O artesanato é visto como negócio e temos cerca de 2.500 artesãos empreendedores em Mato Grosso hoje.
– Além da qualificação, os artesãos também estão aprendendo a comercializar o produto?
PN – Temos um projeto para implantar 20 Centros de Comercialização de Artesanatos nos municípios mais carentes. Estes Centros serão responsáveis pela comercialização do artesanato do município. Termos parcerias para implantar estes Centros e para dar continuidade à qualificação de cada artesão mato-grossense.
Esse ano foi importante para o setor de Mineração de Mato Grosso. Qual o balanço que o senhor faz?
PN – Em 2002 éramos o 11° Estado brasileiro em requerimento no DNPM, e devemos fechar 2011 como o 3° neste ranking. O Estado produz, níquel, zinco, cobre e continua sendo o maior produtor de ouro do Brasil. Mato Grosso produziu cerca de 4 mil toneladas de ouro em 2010 e 160 quilates de diamante industrial. Também foram concluídos vários projetos e temos todo o Estado mapeado, hoje sabemos onde está cada mineral. Assim fica muito mais fácil atender os interessados em investir em Mato Grosso. Descobrimos uma grande área mineralizada, dizem que é o maior deposito mineral de fosfato do mundo, localizado em Mirassol D’Oeste. A empresa GM4 está trabalhando no local e fazendo as perfurações necessárias para dar continuidade aos estudos da área. Também implantamos várias escolas de lapidação que têm o objetivo de ensinar os alunos a lapidar pedras. Em Poxoreu, por exemplo, se vendia um carrinho de mão cheio de pedras por R$ 1. Com a lapidação, cada pedra chega a ser vendida por até R$ 100. Vale ressaltar que essa agregação de valores e qualificação de mão-de-obra têm aquecido a economia de alguns municípios como Alto Paraguai, Tesouro e Guiratinga.
E o projeto dos Centros de Atendimento Empresaria (Cae) foi concluído?
PN – Sim. A princípio tínhamos a ideia de implantar 30 e chegamos ao final de 2011 com 41 implantados e funcionando. Houve uma demanda maior do que esperávamos.
Qual é o objetivo destes Caes?
PN – É descentralizar os serviços da Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia. Em 2011 fizemos vários encontros e treinamentos dos profissionais que trabalham nestes Centros. Neste projeto contamos com a parceria do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas e das prefeituras. A implantação do Cae em determinados municípios contribuiu muito para o desenvolvimento da economia local.
Os Arranjos Produtivos Locais (APLs) tem incentivado os micro e pequenos empreendedores?
PN – Sim. Aqueles que se agregam em Apls têm impostos mais baratos, treinamentos e cursos de qualificação que propiciam a troca de experiência assídua. Ao todo o Estado tem 11 APLs, que reúnem cerca de 600 empresas. Há APLs para os setores de comércio de água mineral, gráfico, móveis, apicultura e arroz. O objetivo é adotar metodologias de organização para empresas. A intenção é coordenar e orientar os empresários sobre como vender mais, diminuir custos, produzir uma política local, qualificar mão-de- obra, melhorar infraestrutura e aumentar a competitividade.
E o gás boliviano?
PN – Em 2011 também solucionamos o problema do gás boliviano. A terméletrica Cuiabá está apta para funcionar. Essa luta durou 4 anos. Tivemos muitas idas à Bolívia e à Petrobrás. Dezenas de reuniões foram necessárias para dar andamento nas negociações, mas em setembro comemoramos o reinício das atividades da terméletrica. Isso foi uma grande conquista para o Governo de Mato Grosso. Agora temos uma nova matriz energética para o Estado. Isso sem falar que também garantimos o abastecimento do Gás Natural Veicular.